4 de jun. de 2010

Porque Cuesta e não Serra? O Morro de Rubião Jr. é um Vulcão?

Nosso município pode ser dividido em três regiões naturais: a da Baixada, o Topo da Cuesta e a Frente ou Front da Cuesta.
Essa forma de relevo lembra um degrau entre dois planaltos: o da Baixada ( 400 a 600 m. de altitude) e o Topo da Cuesta (700 a 950 m.) onde se localiza o município.
A área que erroneamente chamam de serra, é na verdade o Front da Cuesta, por onde passa a rodovia Marechal Rondon e onde se localiza a igrejinha com seu mirante espetacular. Aí também se pode ver claramente através dos cortes feitos para a construção da rodovia, as várias camadas intercaladas entre arenito e basalto e esse último, exibe de forma bastante explicita as várias fases de decomposição que sofreu, mostrando desde a sua forma original (camadas mais baixas) até o estágio final que é o solo (camadas superficiais).
A primeira região ou Baixada é dominada por colinas suaves cortadas pelos afluentes do rio Tietê. É onde também se localiza o Morro do Peru e o Gigante Deitado, formações mais resistentes (testemunhos) que não cederam à força erosiva do tempo.
A segunda região, a do Topo, exibe espigões que são os divisores de água das bacias do Tietê e do Pardo e de seus afluentes. Esses espigões se encontram bastante erodidos pelos rios e pelas chuvas. Terrenos de maior resistência a essas erosões formaram morros como o de Rubião Junior (950 m.), onde se encontra a igreja de Sto. Antônio com sua vista panorâmica da região.
Muitos perguntam se o morro de Rubião é ou foi um vulcão, devido ao seu formato que muito lembra alguns tipos de montanhas vulcânicas. Na realidade ele é mais um dos morros que ofereceram maior resistência aos agentes erosivos e por isso conservaram suas altitudes até os dias atuais.
Porque Cuesta e não Serra?
As serras são formadas por sucessivos morros alinhados lembrando os dentes de uma serra ou serrote.
Já a Cuesta possui uma única inclinação ou escarpa (cuesta = costa em castelhano) e uma descida suave. Portanto o termo serra, apesar de muito utilizado, não é o termo cientificamente correto para se referir a essa região. A cuesta de Botucatu é parte integrante da chamada “Serra Geral”.
A Formação Serra Geral é uma formação geológica constituida por rochas magmáticas relacionada aos derrames e intrusivas que recobrem 1,2 milhões de km² da Bacia do Paraná, abrangendo toda a região centro-sul do Brasil e estendendo-se ao longo das fronteiras do Paraguai, Uruguai e Argentina. O vulcanismo Serra Geral ocorreu no início do Período Cretáceo, entre 137 e 127 milhões de anos, e está associado ao processo de ruptura do supercontinente Gondwana e à formação do Atlântico Sul. Este evento resultou na formação de espessa sucessão vulcânica e é uma das maiores extrusões ígneas do planeta, se estendendo até o continente africano, na Bacia de Etendeka, na Namíbia e Angola. A Formação Serra Geral pertence à supersequência estratigráfica de segunda ordem denominada Superseqüência Gondwana III.

Os Terremotos e a terra roxa

Todos êsses terrenos foram sacudidos por violentos terremotos que racharam a crosta em vários pontos, abrindo fendas de milhares de metros de profundidade e centenas de quilômetros de extensão durante a época do levantamento da cordilheira dos Andes (de 190 a 150 milhões de anos). Nosso antigo deserto, bem como as creos vizinhas, foram recobertos em grande extensão por lençóis de lava vulcânica que sairam, atravês das fendas, do Interior da Terra. Essas lavas, quentíssimas, "cozinharam" os arenitos fazendo surgir uma rocha dura que foram muito utilizadas para a construção de muros, alícerces de casas ou na confecção de calçadas com desenhos. É o quartzito (uma rocha metamórfica), que pode ser avermelhado (quando sua origem é o arenito Botucatu) e brancoamarelado (proveniente do arenito Bauru). Por sua vez, a lava resfriou e se solidificou. Deu origem ao que o povo chama de "pedra ferro" e que tem grande utilidade na construção de casas, estradas (britada) e que fornece as pedras negras que, associadas aos quartzitos, formam os desenhos de nossas calçadas e praças. Essa lava formou o basalto e o diabásio (ro' chas magmáticas).
Êsse fenômeno do derrame de lavas, depois dos terremotos que abalaram nossas terras foi bastante comum no sul do Brasil. E teve duas consequências principais: A primeira, favorável, foi o surgimento da terra rôxa - produto da decomposíção basalto ou do diabásio, de tanta importância para a agricultura.
(Lembrando que o termo terra roxa foi criado em virtude de os colonizadores italianos chamarem esse tipo de terra de rossa (vermelho em italiano). O brasileiro entendeu como roxo e assim ficou. Portanto a terra roxa é um nome dado a esse tipo de terra que na realidade é vermelha.) - acrescentado pelo prof. Miguel Jeronymo Filho.
A segunda, desfavorável: evaporou o lençol de petr6leo existente principalmente na Baixada, às magens do Tietê, deixando apenas pequenas bôlsas misturadas com o areniro
Você pode ver a lava solidificada intercalada no areníto em vários pontos do nosso município, especialmente nos cortes de estadas à frente da cuesta e no fundo dos vales dos rios da região do Tôpo da Cuesta.
Os principais minerais encontrados em Botucatu são. além dos já citados, ágatas, calcedônias,. quartzolitos e ametistas. Merecem menção, também, as águas sulfurosas de Alambari

Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966

Botucatu já foi um deserto

Em que época da formação do nosso planeta surgiram os terrenos de Botucatu? São recentes ou antigos? Contém fósseis ou não? Essas e outras perguntas podem ser respondidas pelo exame das rochas. Você já deve ter observado que grande parte do território municipal é formada por terrenos arenosos, de côr avermelhada, amarelada ou mesmo esbranquiçada. São os arenitos. Um dêles é muito importante para nós pois chegou a receber dos geólogos o nome de "arenito Botucotu". Êle formava um enorme deserto avermelhado que cobria grande parte do sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina, parte do Rio Grande do SuL de Minas Gerais e outros) há 190 milhões de anos - o deserto de Botucatu. Isso ocorreu quando a Terra estava num período chamado Triássico. O clima era: então muito seco,Se alguém pudesse visitar nossa região àquela época (ainda não havia sêres humanos) teria que atravessar uma região árida, cheia de dunas batidas pelo vento, onde a água era rara e difícil. A vegetação, também raríssima, o mesmo ocorrendo com a fauna. Eis porque não é facil hoje encontrar fósses em nosso território.

O CLIMA MUDOU

Com o passar do tempo o clima se modificou tornando-se pouco a pouco mais úmido. No período Cretácíco surgiram lagoas e rios alimentados pelas chuvas e começou a se formar outro tipo de arenito - o chamado "Bauru", Esse tem aspecto esbranquiçado e você o encontra formando nas partes mais elevadas das colinas e espigões inclusive o morro de Rubião Júnior que já foi, possívelmente, um fundo de lago e não um vulcão extinto.
Há, também, outro tipo de arenito, que alguns geólogos chamam de "Caiuá", formado durante o período Jurássico. Na Baixada, à beira dos rios Tietê, Piracicaba, Alambari há terrenos velhos, do Pérmico (215 milhões de anos). São os mais antigos do nosso território e contêm restos de petróleo misturados com arenito (pirobetuminoso). Se fôrem explorados poderão fornecer asfalto para nossas estradas.

Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966

RUA DO COMÉRCIO CENTRAL

RUA DO COMÉRCIO CENTRAL

Vista parcial da Cidade

Vista parcial da Cidade

Largo da Catedral

Largo da Catedral

Consulado de Portugal

Consulado de Portugal

Praça Emílio Peduti

Praça Emílio Peduti

Igreja de Rubião Jr.

Igreja de Rubião Jr.

Nascente do Rio Pardo

Nascente do Rio Pardo

Rio Alambari

Rio Alambari

Rio Bonito (Tietê)

Rio Bonito (Tietê)

Ruinas da Igreja ao pé da Cuesta

Ruinas da Igreja ao pé da Cuesta

Subida da Cuesta (rodovia Mal. Rondon)

Subida da Cuesta (rodovia Mal. Rondon)