A verdadeira face do aqüífero Guarani: mitos e fatos
os últimos anos, segundo a mídia, foi “descoberto” um gigantesco aqüífero que cobria grandes áreas do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele ocuparia uma área de 1.200.000 km2 do Mercosul e era um mega-reservatório de água doce, o maior do mundo, que poderia abastecer a humanidade por centenas e centenas de anos. Assim, ele atraiu a atenção de organismos internacionais preocupados em “preservar” este recurso para o futuro. A ONU logo imaginou transformá-lo em reserva estratégica, Patrimônio da Humanidade. O Banco Mundial acreditou na maior reserva de água com fluxo transfronteiriço do mundo. Mas, será que existe realmente o Aqüífero Guarani? A discussão foi levantada pelo geólogo José Luiz Flores Machado, da CPRM – Serviço Geológico do Brasil – durante o XVIII Encontro de Perfuradores de Poços, realizado em Ribeirão Preto. Confira!
Os estudos realizados nos últimos anos têm demonstrado, inequivocamente, que ele não é “um” aqüífero e que está compartimentado em vários blocos. Ele apresenta uma estrutura de camadas em que se superpõem muitos aqüíferos com potencialidades muito diversas. Ao contrário do que se imagina, suas águas não apresentam potabilidade em toda a sua área de ocorrência. O que se considera Aqüífero Guarani possui muitas limitações, mostrando a necessidade de uma reavaliação de sua potencialidade. Neste artigo será tratado uns dos assuntos que mais ocupou espaço na mídia, nos temas relacionados com água subterrânea, meio ambiente, gestão e proteção de recursos hídricos.
Nestes últimos anos nunca os meios de comunicação, como rádio, televisão e jornais estiveram tão repletos de informações sobre os lençóis de águas subterrâneas e também mares subterrâneos, mas para orgulho do meio geológico, também a palavra aqüífero se fez presente, de modo que, qualquer pessoa por mais humilde ou leiga que fosse já conseguia utilizá-la com desenvoltura. Talvez esta seja a mais importante contribuição que o Aqüífero Guarani tenha dado para a sociedade brasileira e do MERCOSUL, fazer com que as pessoas comuns tivessem interesse pelo que estava acontecendo com as águas, em especial, as desconhecidas águas subterrâneas. Isto seria magnífico, caso as informações que estivessem sendo passadas fossem reais e preferencialmente não alarmistas, ou o que é mais preocupante, eivadas de uma megalomania, que dizem ser brasileira, mas que parece também fazer parte dos costumes dos nossos vizinhos de bloco econômico.
A seguir, o texto se desenvolverá no sentido de como surgiu e como se propagou tão rapidamente informações sobre este aqüífero (mais propriamente um sistema aqüífero), o porquê de sua denominação e também porque “pegou” tão facilmente na mídia e no coração dos desavisados.
“Descobrimento” do Aqüífero Guarani
Uma das coisas mais impressionantes que me aconteceu, foi quando após mais de vinte anos trabalhando exclusivamente com hidrogeologia, estudando e mapeando aqüíferos da Bacia do Paraná, como os ligados à Formação Botucatu, Grupo Rosário do Sul e Formação Rio Bonito, minha faxineira gentilmente me explicou como foi descoberto o Aqüífero Guarani e confidenciou-me que com tal quantidade de água doce não necessitaríamos mais ter preocupações com o abastecimento futuro de água, já que por pelo menos dois mil e quinhentos anos este problema já estava solucionado. Realmente, depois desta novidade o povo deve ter tido a confirmação de que Deus era realmente brasileiro e nasceu em algum estado entre o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul.
Gilboa et al (1976) após terem assessorado o DAEE/SP publicaram um interessante trabalho sobre o que seria o Sistema Aqüífero Botucatu, segundo eles um aqüífero inexplorado de dimensões continentais associado à formação geológica Botucatu. Neste mesmo ano, Aldo Rebouças (1976) apresenta uma substanciosa tese de livre-docência em que demonstra uma grande potencialidade para o Sistema Aqüífero Botucatu-Pirambóia, baseado em dados de perfurações da Petrobrás e em alguns poços profundos para água, basicamente no Estado de São Paulo, onde estas formações aqüíferas já eram conhecidas desde o início do século XX.
Após alguns anos de quase total esquecimento (afinal o nome Botucatu não é tão sonoro), na década de 90 após algumas perfurações bem sucedidas, aliadas ao conhecimento de que existiriam no Uruguai, Argentina e Paraguai, formações geológicas semelhantes, obviamente com nomes diferentes, foi semeada a idéia de um Aqüífero Internacional Botucatu, tendo sido lançadas Jornadas Técnicas a partir de 1994. Neste mesmo ano, Rebouças (1994) em um dos seus trabalhos mais coerentes e de extrema lucidez sobre esse tema, conclui que pelas grandes diferenças geológicas, hidrogeológicas, hidrodinâmicas, hidráulicas e hidroquímicas, tanto o Botucatu quanto o Pirambóia deveriam fazer parte de sistemas hidrogeológicos diferentes. Na 1ª Jornada Técnica sobre o Aqüífero Internacional Botucatu em 1994, foram feitas as primeiras apresentações sobre como seria este aqüífero nos quatro países do Mercosul, observando-se que a diversidade de nomes dos aqüíferos que ocorriam nestes países dificultava sua correlação. Araújo et al (1995) apresentaram no 1º Mercosul de Águas Subterrâneas um trabalho detalhado levando em consideração a escala em que foi feito, com um banco de dados que ainda é consultado com as principais perfurações da Petrobrás - Paulipetro e poços profundos para água perfurados por empresas privadas e estatais. Desse trabalho resultou o que denominaram de Aqüífero Gigante do Mercosul. Até aquela data tinha sido o principal trabalho feito dentro de critérios científicos, sendo assim até hoje, porém o nome escolhido não “pegou”.
O Aqüífero Guarani ainda não havia sido “descoberto”, pois se pode imaginar que além das disputas esportivas, seria difícil, por exemplo, para um argentino ter que “engolir” um sistema aqüífero brasileiro em seu território. Da parte brasileira talvez ocorresse o mesmo. Mas um geólogo uruguaio (Danilo Anton) conseguiu contornar o problema transfronteiriço, pois segundo Rosa F°, E.F. (2005, comun. pessoal), em uma mesa de bar, este geólogo sugeriu o nome de Guarani, pois a nação indígena pertencia aos quatro países envolvidos e, além de não permitir melindres ainda serviu como homenagem à esta pátria indígena. A partir da aceitação deste nome por todos os envolvidos, esta é considerada a data de “descobrimento” do Guarani.
A venda da idéia do aqüífero gigante para a mídia e o Banco Mundial
Com todas as maravilhas já faladas e escritas sobre o “recém descoberto” Aqüífero Guarani, é natural que entidades internacionais ficassem seriamente preocupadas na “preservação” de um bem, não brasileiro ou do Mercosul, mas um patrimônio da humanidade, isto é, de outros interessados e provavelmente com outros interesses. Mas o que mais impressiona é que, apesar de sua decantada importância, na internet apenas nos anos 2004 e 2005, apareceram os primeiros trabalhos com real utilidade e reconhecido conteúdo científico. Durante anos apenas foram atiradas ao vento supostas potencialidades do aqüífero, em geral muito ufanistas e como já escrito anteriormente, eivadas de megalomania. As pesquisas em sites, via de regra, desembocavam no seguinte: “este é o maior aqüífero transfronteiriço do mundo”, ou então, “ele é um mega-reservatório de água doce, que deve ser protegido”. Existem mais de 500 sites com repetições destes chavões. A lavagem cerebral foi tão eficiente, que afetou não somente o público leigo, agora preocupado com o destino da “maior reserva subterrânea transfronteiriça de água doce do mundo”, mas também afetou o corpo técnico e científico, que como robôs, sem inteligência própria, passaram a repetir estes chavões em todos os seus trabalhos e participações em congressos. A preocupação com a “preservação” deste grande manancial, que poderia abastecer a humanidade por centenas e centenas de anos, não demorou a chamar a atenção de outros países, tendo finalmente encontrado guarida na diplomacia da ONU, que logo imaginou transformar este manancial precioso, que está nas mãos de uns incultos descendentes de guaranis, em um Patrimônio da Humanidade, intocável para ser utilizado pelas próximas gerações. Felizmente, como veremos a seguir, toda esta megalomania, que poderia nos custar muito caro, caso fosse transformada em Patrimônio da Humanidade e considerada apenas como reserva estratégica para nossos descendentes, não apresenta razão alguma para ser encarada desta forma.
Apenas uma preocupação resta: que os pesquisadores e consultores do Projeto Guarani do Banco Mundial encarem sua tarefa como a definição real (sem fantasias) do que seria esta entidade hidrogeológica e não como uma maneira de tentar validar o que já está sacramentado pela mídia.
O aqüífero Guarani foi vendido como um mega-reservatório contínuo de água subterrânea, de água com excelente qualidade, sendo seus recursos transfronteiriços entre os quatro países do Mercosul. Tanto o Banco Mundial, como a OEA e a ONU, além do público leigo, grande parte da comunidade científica e técnica aceitou esta versão como uma verdade incontestável. A interpretação da figura 1, onde estão compiladas as principais estruturas que influenciam o aqüífero já sugere que ele não possa ser uma entidade contínua.
Será que existe realmente o Aqüífero Guarani?
“Um” Aqüífero Guarani, até pela sua definição, como um pacote juro-triássico, seria impossível de existir, ademais ele é um pacote neopermiano a eocretáceo, o que aumentaria ainda mais a sua abrangência. Na realidade poderiam existir vários “aqüíferos” Guarani, que comporiam então um sistema. No entanto, por definição, um sistema aqüífero pressupõe a existência de conexão hidráulica, com similaridade de condições hidrogeológicas. Rebouças (1994) já questionava sobre a inclusão dos aqüíferos Botucatu e Pirambóia dentro de um único sistema, devido às características hidrogeológicas muito discordantes entre estes dois aqüíferos. Machado (1988) já determinava características geohidráulicas muito diversas em poços da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, o que representaria na atualidade a melhor porção estadual de um hipotético Aqüífero Guarani. Na época os poços foram considerados como representantes dos Aqüíferos Botucatu e Rosário do Sul. Outros autores (Montaño & Pessi, 1988, Montaño et al., 1998, Montaño et al, 2002) escreveram sobre uma diversidade na potencialidade do Aqüífero Tacuarembó no Uruguai e Argentina. Esta descontinuidade de potencialidade reflete mudanças na hidroestratigrafia e na estrutura. Apesar das diferenças com os aqüíferos ocorrentes na porção brasileira, todos foram englobados dentro de um grande aqüífero (Guarani ou Gigante do Mercosul). Amore & Freitas (2002) em artigo apresentado ao XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, sugerem que o Sistema Aqüífero Guarani (SAG) está muito afetado por estruturas rúpteis e propõem que sejam realizados estudos visando especialmente a delimitação dos blocos que poderiam afetar este aqüífero.
Rosa F° et al (2003) descrevem a influência que o Arco de Ponta Grossa exerce sobre o Aqüífero Guarani, delimitando áreas francamente estruturadas de modo a dividi-lo em pelo menos duas grandes compartimentações, com características muito diferentes. Machado & Faccini (2004) demonstraram que o Rio Grande do Sul foi influenciado por três grandes sistemas de falhas, que dividiria o SAG em pelo menos quatro grandes compartimentos, com características hidrogeológicas muito distintas.
Pelo exposto se pode deduzir que o SAG não apresenta nenhuma continuidade, tanto na porção brasileira como em outros países do Mercosul. Com relação à sua qualidade, ele foi vendido como um mega-reservatório de água doce. Este afirmação é especialmente sensível, pois quase todos os trabalhos, artigos, relatórios e outros documentos sobre o Aqüífero Guarani, são unânimes em descrever um reservatório de águas com tipologias químicas muito díspares e qualidades químicas para potabilidade, irrigação e uso na indústria que deixa muito a desejar em quase toda a sua área de ocorrência. Machado (1998) descreveu a hidroestratigrafia química dos aqüíferos da região central do Rio Grande do Sul. Nele se podem observar a grande diferença entre a evolução química e a qualidade dos aqüíferos triássicos e cretácicos do Estado e que posteriormente foram englobados no Aqüífero Guarani.
Rosa F° et al (2005) também descreve grandes diferenças de qualidade das águas do aqüífero no Estado do Paraná, onde grande parte das águas é classificada como salobra.
Gastmans & Chang (2005) citam que as águas do aqüífero nas proximidades do rio Paraná aumentam substancialmente em sua condutividade (teor de sais), do mesmo modo em São Paulo, Silva (1983) descreveu que o Sistema Aqüífero Botucatu-Pirambóia mostrava um acréscimo muito grande de sais nas proximidades do rio Paraná. Pesce (2002) analisando poços perfurados para estâncias termais, na divisa entre a Argentina e o Uruguai, apresenta análises em que muitos dos poços apresentam grandes incrementos no teor de sais, tornando impróprias as águas para abastecimento público, podendo ser usadas unicamente por suas condições termais.
Sistema Aqüífero Guarani como foi definido é na realidade um simples agrupamento de unidades hidroestratigráficas. Pelo exposto se pode deduzir que o SAG não apresenta uma homogeneidade quanto à sua qualidade química, sendo que na maior parte de sua área de ocorrência apresenta águas salobras ou muito salinas, impróprias para consumo humano.
Quanto à sua capacidade produtiva, este aqüífero apresenta variações ainda mais abrangentes. Quando se reuniram várias litologias com origens deposicionais conflitantes, como unidades hidroestratigráficas oriundas de sedimentação eólica, outras tipicamente de origem fluvial e ainda aquelas associadas a lagos e planícies de inundação, se pode prever o quanto de heterogeneidade em sua potencialidade este sistema aqüífero possa ter.
Assim ocorre com o pacote que foi definido como Aqüífero Guarani. Machado (1998) já havia demonstrado a heterogeneidade geoquímica de suas águas. Recentemente, Machado (2005) apenas no Estado do Rio Grande do Sul descreveu nove (9) unidades hidroestratigráficas que poderiam fazer parte de um amplo sistema. Levando em consideração o topo e a base do sistema (unidades hidroestratigráficas Serra Geral e Rio do Rasto) somariam 11 unidades.
Tanta variação na constituição litológica do sistema aqüífero já indica que sua potencialidade pode ser muito variável. Associanda à sua condição topo-estrutural, a unidade hidroestratigráfica Botucatu pode estar com níveis tão profundos, que os poços produtivos perfurados nas rochas basálticas, se tornam secos quando encontram seus arenitos. De modo similar, cotas muito elevadas do topo desta unidade na região sudeste de Santa Catarina, inviabilizam o armazenamento de águas subterrâneas nesta unidade. Em contrapartida, na região da fronteira oeste do Rio Grande do Sul as unidades hidroestratigráficas Botucatu e Guará apresentam as melhores vazões do estado.
Pelo exposto se pode deduzir que o SAG não apresenta homogeneidade com relação à sua potencialidade, podendo mostrar poços com ótimas vazões, porém apresentando também poços secos ou com vazões irrisórias.
Quanto à sua potenciometria, comparando-a com os resultados já conhecidos de outros parâmetros como estruturação, hidroestratigrafia e qualidade química, se pode chegar a conclusões reveladores. A tese apresentada por Silva (1983), embora focada na hidroquímica e isotopia do Sistema Aqüífero Botucatu, mostra uma interessante conformação do fluxo subterrâneo no Estado de São Paulo, todo ele dirigido para a calha do rio Paraná, não mostrando percurso interestadual muito menos em relação a outros países limítrofes. Fato semelhante ocorre no Estado do Paraná (Rosa Fº et al, 2003) onde o Arco de Ponta Grossa divide o aqüífero em pelo menos dois sistemas de fluxo independentes.
Machado (2005) estudando a potenciometria das unidades hidroestratigráficas que compõem o Sistema Aqüífero Guarani, conclui que os fluxos são diferentes em pelo menos quatro compartimentos, sendo que pela conformação das linhas de fluxo, as áreas de recarga e descarga do aqüífero estão circunscritas ao território do Rio Grande do Sul.
Em outros estados brasileiros, esta mesma conformação potenciométrica mostra um circuito fechado quanto à recarga e descarga do aqüífero.
Pelo exposto se pode deduzir que além de sua descontinuidade estrutural, este sistema não apresenta as características típicas de um aqüífero com fluxos de água transfronteiriços, sendo infundadas as preocupações de que a captação dele no Brasil pode afetar suas reservas de água em outros países limítrofes.
Conclusão - O Aqüífero Guarani foi muito bem vendido para a mídia, o público leigo e os técnicos desavisados. Seu marketing foi tão perfeito, que organizações como a ONU e o Banco Mundial apressaram-se na preocupação de “preservar” para o futuro, um bem tão precioso da humanidade. Entretanto, aquele chavão muito conhecido de que, “o Aqüífero Guarani é um megareservatório de água doce, o maior lençol transfronteiriço de água subterrânea do mundo, que poderá abastecer a humanidade por centenas de anos”, aguçou a curiosidade de técnicos e cientistas, que procuraram provas de sua real existência.
Felizmente, os estudos que estão sendo realizados por várias instituições universitárias e órgãos públicos têm demonstrado, de maneira inequívoca, as verdadeiras dimensões deste sistema aqüífero, que muitos julgam ter sido descoberto. Desse modo, o Sistema Aqüífero Guarani como foi definido é na realidade um simples agrupamento de unidades hidroestratigráficas, não necessariamente com conexão hidráulica, totalmente sescontínuo e com várias compartimentações, não apresentando as condições típicas de um aqüífero com fluxo transfronteiriço e contendo extensas áreas com águas de péssima qualidade, variando de salobras a salgadas.
Em outras palavras não será a salvação da humanidade.
José Luiz Flores Machado
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
fonte: http://www.abas.org.br/abasinforma/162/paginas/08.htm - acesso 21/10/2010
21 de out. de 2010
Os Aquíferos Botucatu e Pirambóia no Estado de SP
OS AQUÍFEROS BOTUCATU E PIRAMBÓIA NO ESTADO DE SÃO PAULO: NOVOS MAPAS DE ISÓBATAS DO TOPO, ESPESSURA E NÍVEL D'ÁGUA
José Luiz Galvão de Mendonça e Thereza Mitsuno Cochar Gutierre
Resumo - Os aquíferos Botucatu e Pirambóia, constituídos pelas formações geológicas homônimas, representam a mais importante reserva de água doce do Estado de São Paulo, sendo responsável pela totalidade do abastecimento de água de cidades como Ribeirão Preto, Pradópolis, Matão e Boa Esperança do Sul, contribuindo também, decisivamente para o abastecimento de cidades como Araraquara, Bauru, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, entre outras.
Estes aquíferos vem sendo estudados desde o início da utilização de águas subterrâneas no estado e estes novos mapas representam a atualização das condições físicas dos aquíferos, já executadas em trabalhos anteriores, em função de novas informações que surgiram mais recentemente, fornecendo um maior detalhamento.
INTRODUÇÃO
As águas subterrâneas possuem uma importância fundamental para o abastecimento de água nos setores público, industrial, rural e de lazer no Estado de São Paulo.
Os aquíferos Botucatu e Pirambóia, em função de sua vasta extensão no território paulista e de seu enorme potencial hidrogeológico vem, gradativamente, assumindo uma posição de destaque dentro deste contexto, constituindo-se, na mais importante reserva de água doce do Estado de São Paulo.
Assim, o D.A.E.E., Departamento de Águas e Energia Elétrica, órgão gestor dos recursos hídricos no Estado de São Paulo, apresenta esta atualização das informações referentes aos aquíferos Botucatu e Pirambóia, que deverão servir de referência para novos estudos e projetos de poços tubulares profundos.
ASPECTOS GEOLÓGICOS
As formações Botucatu e Pirambóia, de idades Triássica e Jurássica, afloram, no Estado de São Paulo, próximo a borda leste da Bacia Sedimentar do Paraná, abrangendo uma área que vai desde as imediações de Ribeirão Preto, passando por Araraquara, Boa Esperança do Sul indo até próximo à divisa com o Estado do Paraná.
O Grupo São Bento, engloba estas duas formações geológicas, que inclinam-se em direção à porção central da bacia sedimentar do Paraná no território paulista, e também a Formação Serra Geral, constituída por rochas vulcânicas, sendo recoberta pelo Grupo Bauru, de idade cretácea.
A Formação Pirambóia é constituída por "arenitos geralmente de granulação fina à média, possuindo fração argilosa maior na parte inferior que na superior da formação, onde localmente ocorrem arenitos grossos, conglomeráticos. Predomina a estratificação plano-paralela, destacada pela alternância de lâminas mais ou menos ricas em argila e silte, ou ainda mostra estratificação cruzada de dimensões média a grande do tipo tangencial. Não são raras as marcas de onda ou corrente" (IPT,1981).
A Formação Botucatu, sobrejacente, "constitui-se quase que inteiramente de arenitos de granulação fina a média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos com alta esfericidade. São avermelhados e exibem estratificação cruzada tangencial de médio a grande porte, característica de dunas caminhantes. Localmente, sobretudo nas partes mais baixas do pacote, intercalam-se arenitos de deposição subaquosa. Constituem corpos lenticulares de arenitos heterogêneos, de granulação média a grossa, passando a arenitos conglomeráticos, cujos seixos são em maioria de quartzo e quartzito". (IPT, 1981).
Diversas intrusões ígneas são encontradas no meio do pacote predominantemente arenoso destas duas formações, em forma de "sills" de diabásio, com espessuras que variam desde poucos metros até 90m, verificados em Araraquara.
ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS
A posição física dos aquíferos Botucatu e Pirambóia, tendo em sua base a Formação Corumbataí (Grupo Passa Dois), constituída por argilitos, siltitos e folhelhos, considerada um aquiclude e, sendo sobrepostas pela Formação Serra Geral (Grupo São Bento), constituída por rochas vulcânicas toleíticas de coloração cinza-escura a negra, com espessura que atinge valores superiores a 1.500m, e também a sua constituição litológica predominantemente arenosa, conferem à estes aquíferos excelentes valores hidrodinâmicos.
O valor máximo obtido de transmissividade (T) para o aquífero Pirambóia foi de 300 m2/dia enquanto para os aquíferos Botucatu e Pirambóia a transmissividade chega a atingir valores de 654 m2/dia. A permeabilidade (K) varia de 2 a 3 m/dia só para o aquífero Pirambóia a 3,5 m/dia para o aquífero Botucatu.
As vazões específicas (Q/s) para os aquíferos Botucatu/Pirambóia, chegam a atingir 17m3/h/m (Q = 1.100m3/h em Pereira Barreto); 18,3 m3/h/m (Q = 600 m3/h no Bairro Borá em São José do Rio Preto) e 20,8 m3/h/m (Q = 600m3/h em Catanduva).
A pressão no aquífero produz condições de jorrância na porção central da Bacia Sedimentar do Paraná no Estado de São Paulo, sendo que os aquíferos apresentam-se confinados em grande parte de sua extensão no território paulista.
METODOLOGIA
O banco de dados do D.A.E.E. dispõem de cadastro de centenas de poços profundos que exploram estes dois aquíferos no Estado de São Paulo.
Foram selecionados 191 poços para a elaboração do estudo, dos quais 23 poços referem-se à informações da Petrobrás, sendo alguns fora do estado.
Os critérios para esta seleção foram:
· confiabilidade das informações. Os poços escolhidos tiveram o acompanhamento de suas perfurações executados por responsáveis técnicos, que fizeram a descrição litológica das amostras e a interpretação das perfilagens geofísicas.
· a distribuição geográfica no estado e na localidade. Foram desconsiderados os poços que possuíam informações já plotadas nos mapas e que não iriam trazer novos dados, servindo somente como confirmação das informações já existentes.
· a profundidade dos poços, selecionando-se, preferencialmente, os que atravessaram totalmente as duas formações geológicas e as intrusões de diabásio, quando presentes.
Foram tabeladas as seguintes informações:
· Município onde o poço foi perfurado;
· UGRHI (unidade de gerenciamento de recursos hídricos), divisão adotada na legislação estadual de recursos hídricos;
· coordenadas geográficas de cada poço;
· cota topográfica do terreno;
· perfil estratigráfico das formações geológicas, incluindo-se a ocorrência de intrusões de diabásio, quando presentes);
· cota do topo da Formação Botucatu;
· espessura da Formação Botucatu;
· cota do topo da Formação Pirambóia;
· espessura da Formação Pirambóia;
· cota de nível d'água.
A base geológica do estudo foi compilada do Mapa Geológico do Estado de São Paulo (IPT 1981 - Escala 1.500.000) e o "datum" adotado foi o Córrego Monte Alegre.
Para a elaboração do mapa "Isóbatas do topo das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo", foram selecionados os poços representativos do topo de duas formações geológicas, adotando-se a diferenciação entre ambas, quando ocorriam seqüencialmente, desde que a descrição litológica e a análise da perfilagem elétrica possibilitasse esta separação.
Para a elaboração do mapa "Espessura das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo" foi considerado, além da espessura total do pacote sedimentar a espessura do "sill" de diabásio, por se constituir em uma informação importante para futuros projetos de poços tubulares profundos. A ocorrência de arenito Botucatu silicificado em alguns poços também foi considerado por ser uma informação relevante.
Para a elaboração do mapa da "Superfície Piezométrica dos aquíferos Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo", foram desprezados os poços com penetração parcial no aquífero menor que 10m, sendo considerados somente os poços que pudessem refletir com maior fidelidade a superfície piezométrica real.
CONCLUSÃO
A atualização das informações, até o ano de 1998, fornecem mais detalhes sobre o comportamento físico das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo, incluindo os mapas em escala 1:500.000 e a relação dos poços utilizados no estudo estarão disponíveis para utilização pública. Confirmam, no entanto de uma maneira geral a tendência das curvas já executadas em trabalhos anteriores, possibilitando também o conhecimento das rochas que ocorrem sobre estas duas formações geológicas, fornecendo outras informações sobre o substrato rochoso, vindo contribuir para um melhor conhecimento desta importante reserva de água doce do Estado de São Paulo.
BIBLIOGRAFIA
GOUVÊA DA SILVA, R.B. - Estudo Hidroquímico e isotópico das águas subterrâneas do Aquífero Botucatu no Estado de São Paulo, Tese de Doutoramento, Inst. Geociências da USP, São Paulo, 1.983.
IPT - Mapa Geológico do Estado de São Paulo, Divisão de Minas e Geologia Aplicada, volumes I e II, São Paulo, 1.981.
DAEE - Estudos de Águas Subterrâneas, Regiões Administrativas 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11. Divisão de Planejamento e Recursos Hídricos, São Paulo 1.974 à 1.979.
fonte: http://www.perfuradores.com.br/index.php?CAT=pocosagua&SPG=info_cientificas&SBPG=info_cientificas_tb&STB=infocie_tb_35
acesso em 21/10/2010
José Luiz Galvão de Mendonça e Thereza Mitsuno Cochar Gutierre
Resumo - Os aquíferos Botucatu e Pirambóia, constituídos pelas formações geológicas homônimas, representam a mais importante reserva de água doce do Estado de São Paulo, sendo responsável pela totalidade do abastecimento de água de cidades como Ribeirão Preto, Pradópolis, Matão e Boa Esperança do Sul, contribuindo também, decisivamente para o abastecimento de cidades como Araraquara, Bauru, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, entre outras.
Estes aquíferos vem sendo estudados desde o início da utilização de águas subterrâneas no estado e estes novos mapas representam a atualização das condições físicas dos aquíferos, já executadas em trabalhos anteriores, em função de novas informações que surgiram mais recentemente, fornecendo um maior detalhamento.
INTRODUÇÃO
As águas subterrâneas possuem uma importância fundamental para o abastecimento de água nos setores público, industrial, rural e de lazer no Estado de São Paulo.
Os aquíferos Botucatu e Pirambóia, em função de sua vasta extensão no território paulista e de seu enorme potencial hidrogeológico vem, gradativamente, assumindo uma posição de destaque dentro deste contexto, constituindo-se, na mais importante reserva de água doce do Estado de São Paulo.
Assim, o D.A.E.E., Departamento de Águas e Energia Elétrica, órgão gestor dos recursos hídricos no Estado de São Paulo, apresenta esta atualização das informações referentes aos aquíferos Botucatu e Pirambóia, que deverão servir de referência para novos estudos e projetos de poços tubulares profundos.
ASPECTOS GEOLÓGICOS
As formações Botucatu e Pirambóia, de idades Triássica e Jurássica, afloram, no Estado de São Paulo, próximo a borda leste da Bacia Sedimentar do Paraná, abrangendo uma área que vai desde as imediações de Ribeirão Preto, passando por Araraquara, Boa Esperança do Sul indo até próximo à divisa com o Estado do Paraná.
O Grupo São Bento, engloba estas duas formações geológicas, que inclinam-se em direção à porção central da bacia sedimentar do Paraná no território paulista, e também a Formação Serra Geral, constituída por rochas vulcânicas, sendo recoberta pelo Grupo Bauru, de idade cretácea.
A Formação Pirambóia é constituída por "arenitos geralmente de granulação fina à média, possuindo fração argilosa maior na parte inferior que na superior da formação, onde localmente ocorrem arenitos grossos, conglomeráticos. Predomina a estratificação plano-paralela, destacada pela alternância de lâminas mais ou menos ricas em argila e silte, ou ainda mostra estratificação cruzada de dimensões média a grande do tipo tangencial. Não são raras as marcas de onda ou corrente" (IPT,1981).
A Formação Botucatu, sobrejacente, "constitui-se quase que inteiramente de arenitos de granulação fina a média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos com alta esfericidade. São avermelhados e exibem estratificação cruzada tangencial de médio a grande porte, característica de dunas caminhantes. Localmente, sobretudo nas partes mais baixas do pacote, intercalam-se arenitos de deposição subaquosa. Constituem corpos lenticulares de arenitos heterogêneos, de granulação média a grossa, passando a arenitos conglomeráticos, cujos seixos são em maioria de quartzo e quartzito". (IPT, 1981).
Diversas intrusões ígneas são encontradas no meio do pacote predominantemente arenoso destas duas formações, em forma de "sills" de diabásio, com espessuras que variam desde poucos metros até 90m, verificados em Araraquara.
ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS
A posição física dos aquíferos Botucatu e Pirambóia, tendo em sua base a Formação Corumbataí (Grupo Passa Dois), constituída por argilitos, siltitos e folhelhos, considerada um aquiclude e, sendo sobrepostas pela Formação Serra Geral (Grupo São Bento), constituída por rochas vulcânicas toleíticas de coloração cinza-escura a negra, com espessura que atinge valores superiores a 1.500m, e também a sua constituição litológica predominantemente arenosa, conferem à estes aquíferos excelentes valores hidrodinâmicos.
O valor máximo obtido de transmissividade (T) para o aquífero Pirambóia foi de 300 m2/dia enquanto para os aquíferos Botucatu e Pirambóia a transmissividade chega a atingir valores de 654 m2/dia. A permeabilidade (K) varia de 2 a 3 m/dia só para o aquífero Pirambóia a 3,5 m/dia para o aquífero Botucatu.
As vazões específicas (Q/s) para os aquíferos Botucatu/Pirambóia, chegam a atingir 17m3/h/m (Q = 1.100m3/h em Pereira Barreto); 18,3 m3/h/m (Q = 600 m3/h no Bairro Borá em São José do Rio Preto) e 20,8 m3/h/m (Q = 600m3/h em Catanduva).
A pressão no aquífero produz condições de jorrância na porção central da Bacia Sedimentar do Paraná no Estado de São Paulo, sendo que os aquíferos apresentam-se confinados em grande parte de sua extensão no território paulista.
METODOLOGIA
O banco de dados do D.A.E.E. dispõem de cadastro de centenas de poços profundos que exploram estes dois aquíferos no Estado de São Paulo.
Foram selecionados 191 poços para a elaboração do estudo, dos quais 23 poços referem-se à informações da Petrobrás, sendo alguns fora do estado.
Os critérios para esta seleção foram:
· confiabilidade das informações. Os poços escolhidos tiveram o acompanhamento de suas perfurações executados por responsáveis técnicos, que fizeram a descrição litológica das amostras e a interpretação das perfilagens geofísicas.
· a distribuição geográfica no estado e na localidade. Foram desconsiderados os poços que possuíam informações já plotadas nos mapas e que não iriam trazer novos dados, servindo somente como confirmação das informações já existentes.
· a profundidade dos poços, selecionando-se, preferencialmente, os que atravessaram totalmente as duas formações geológicas e as intrusões de diabásio, quando presentes.
Foram tabeladas as seguintes informações:
· Município onde o poço foi perfurado;
· UGRHI (unidade de gerenciamento de recursos hídricos), divisão adotada na legislação estadual de recursos hídricos;
· coordenadas geográficas de cada poço;
· cota topográfica do terreno;
· perfil estratigráfico das formações geológicas, incluindo-se a ocorrência de intrusões de diabásio, quando presentes);
· cota do topo da Formação Botucatu;
· espessura da Formação Botucatu;
· cota do topo da Formação Pirambóia;
· espessura da Formação Pirambóia;
· cota de nível d'água.
A base geológica do estudo foi compilada do Mapa Geológico do Estado de São Paulo (IPT 1981 - Escala 1.500.000) e o "datum" adotado foi o Córrego Monte Alegre.
Para a elaboração do mapa "Isóbatas do topo das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo", foram selecionados os poços representativos do topo de duas formações geológicas, adotando-se a diferenciação entre ambas, quando ocorriam seqüencialmente, desde que a descrição litológica e a análise da perfilagem elétrica possibilitasse esta separação.
Para a elaboração do mapa "Espessura das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo" foi considerado, além da espessura total do pacote sedimentar a espessura do "sill" de diabásio, por se constituir em uma informação importante para futuros projetos de poços tubulares profundos. A ocorrência de arenito Botucatu silicificado em alguns poços também foi considerado por ser uma informação relevante.
Para a elaboração do mapa da "Superfície Piezométrica dos aquíferos Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo", foram desprezados os poços com penetração parcial no aquífero menor que 10m, sendo considerados somente os poços que pudessem refletir com maior fidelidade a superfície piezométrica real.
CONCLUSÃO
A atualização das informações, até o ano de 1998, fornecem mais detalhes sobre o comportamento físico das formações Botucatu e Pirambóia no Estado de São Paulo, incluindo os mapas em escala 1:500.000 e a relação dos poços utilizados no estudo estarão disponíveis para utilização pública. Confirmam, no entanto de uma maneira geral a tendência das curvas já executadas em trabalhos anteriores, possibilitando também o conhecimento das rochas que ocorrem sobre estas duas formações geológicas, fornecendo outras informações sobre o substrato rochoso, vindo contribuir para um melhor conhecimento desta importante reserva de água doce do Estado de São Paulo.
BIBLIOGRAFIA
GOUVÊA DA SILVA, R.B. - Estudo Hidroquímico e isotópico das águas subterrâneas do Aquífero Botucatu no Estado de São Paulo, Tese de Doutoramento, Inst. Geociências da USP, São Paulo, 1.983.
IPT - Mapa Geológico do Estado de São Paulo, Divisão de Minas e Geologia Aplicada, volumes I e II, São Paulo, 1.981.
DAEE - Estudos de Águas Subterrâneas, Regiões Administrativas 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11. Divisão de Planejamento e Recursos Hídricos, São Paulo 1.974 à 1.979.
fonte: http://www.perfuradores.com.br/index.php?CAT=pocosagua&SPG=info_cientificas&SBPG=info_cientificas_tb&STB=infocie_tb_35
acesso em 21/10/2010
Botucatu e o Aquífero Guarani
Aquífero Guarani - água pura para o Mercosul
As águas superficiais presentes nos rios e lagos estão cada vez mais poluídas e escassas, situação esta agravada pelo descontrole dos desmatamentos e uso abusivo de agrotóxicos na agricultura, o que torna a importância das águas subterrâneas maior ainda.
As águas subterrâneas acumulam-se no subsolo nos poros (vazios) e fraturas das rochas. Algumas rochas são mais porosas do que as outras e funcionam como gigantesca esponja, onde as águas ficam armazenadas, com a grande vantagem de poderem ser consumidas diretamente, sem a necessidade de tratamento prévio.
Ultimamente vem sendo muito discutida a importância do Aqüífero Guarani, o qual tem uma área de influência muito extensa, estando disponível para captação nos estados do centro oeste, sudeste e sul do Brasil e parte do Paraguai, Uruguai e Argentina, motivo pelo qual foi inicialmente denominado Aqüífero MERCOSUL.
Para compreender a origem deste aqüífero, deve-se voltar ao passado, ao início da Era Mesozóica, conhecida por ser a Era dos Dinossauros. No início deste intervalo de tempo, existia um imenso deserto cobrindo grande parte da América do Sul, muito semelhante ao que é hoje o Deserto do Saara. Nos ambientes desérticos, predomina o transporte e sedimentação de grande quantidade de areia através dos ventos, formando gigantescas dunas. Uma característica marcante das areias eólicas (depositadas pelo vento), é a de apresentarem grãos bem arredondados e esféricos, o que faz com que o pacote sedimentar fique muito poroso, cheio de vazios intercomunicados entre si, o que confere à rocha sedimentar, assim formada, excelentes condições de armazenamento de água subterrânea.
Após a sedimentação destas areias, as quais deram origem aos arenitos da Formação Botucatu, ocorreu intenso vulcânismo fissural, com a saída de grande quantidade de lavas através de fendas quilométricas, resultantes do início do processo de separação entre a América do Sul e a África, o qual deu origem ao Oceano Atlântico. Estas lavas cobriram os arenitos tornando-os parcialmente confinados e protegidos, posicionando-os a profundidades de até 2000 m.
Com o passar dos anos, os vazios entre os grãos do arenito foram sendo preenchidos por água, tornando-o um dos maiores reservatórios de água subterrânea que se conhece no mundo, com um volume estimado de 48 000 km3, quantidade suficiente para fornecer água para toda a população atual do Brasil por 3 500 anos.
Este aqüífero recebe uma recarga natural, a partir das águas das chuvas, de tal forma que uma exploração racional possibilita abastecer continuamente uma população de 20 milhões de pessoa sem comprometer suas reservas.
Outra característica deste aqüífero é o fato de fornecer, em determinadas regiões, água quente, com temperaturas de 33 a 45 oC, o que possibilita o seu uso para o turismo, em balneários termais, como fonte alternativa de energia e até para a minimizar os efeitos de geadas.
No entanto este reservatório não se encontra totalmente protegido, necessitando medidas urgentes no sentido de evitar sua contaminação e seu uso descontrolado. Para isso é necessário identificar regiões mais vulneráveis, onde deve ser proibida qualquer atividade potencialmente poluente, como instalação de postos de gasolina, cemitérios e uso de agrotóxicos, entre outros.
Prof. Dr. Paulo César Boggiani
http://www.igc.usp.br/index.php?id=166 - 12/07/2002
Prevenção e cuidados
Especialistas alertam que essa área é a mais vulnerável e precisa ter sua exploração supervisionada por programas ambientais que previnam a poluição da água subterrânea e também seu esgotamento.
Outro cuidado necessário por parte de uma política governamental é evitar que fertilizantes químicos e pesticidas utilizados na agricultura dessa região contaminem os lençóis freáticos. Só para recordar: lençol freático é a parte superior de um depósito subterrâneo de água.
De acordo com estudos da Universidade da Água, a poluição dos aqüíferos superiores que ocorre, no Brasil, Paraguai, Uruguai ou Argentina, poderá contaminar a água que é extraída dos poços profundos, "até mesmo quando estão localizados nos seus setores confinados".
Mas nem só de subsolo vive um aqüífero: embora tenha camadas com profundidades que variam entre 50 metros e 1.800 metros, ele também surge na superfície, em afloramentos - e nesses locais o risco de contaminação com agrotóxicos é muito maior.
Uma das propostas apresentadas no Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Aqüífero Guarani - organizado pelas nações em que ele está presente - proíbe a agricultura que usa fertilizantes e pesticidas, como a da cana-de-açúcar, nos locais de afloramentos, como na região de Botucatu, em São Paulo. Podem ainda ser criadas áreas de restrição para novas perfurações.
Homenagem à nação indígena
Batizado primeiramente de aqüífero Botucatu (hoje o nome de um reservatório menor, em São Paulo), o Guarani foi totalmente mapeado nos anos 1970, quando companhias petrolíferas fizeram prospeção dos terrenos em que ele se encontra e definiram sua extensão.
O nome definitivo, Guarani, foi dado pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à nação indígena que habitava a região desde antes da chegada dos europeus ao continente sul americano.
fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u60.jhtm - acesso 21/10/2010
As águas superficiais presentes nos rios e lagos estão cada vez mais poluídas e escassas, situação esta agravada pelo descontrole dos desmatamentos e uso abusivo de agrotóxicos na agricultura, o que torna a importância das águas subterrâneas maior ainda.
As águas subterrâneas acumulam-se no subsolo nos poros (vazios) e fraturas das rochas. Algumas rochas são mais porosas do que as outras e funcionam como gigantesca esponja, onde as águas ficam armazenadas, com a grande vantagem de poderem ser consumidas diretamente, sem a necessidade de tratamento prévio.
Ultimamente vem sendo muito discutida a importância do Aqüífero Guarani, o qual tem uma área de influência muito extensa, estando disponível para captação nos estados do centro oeste, sudeste e sul do Brasil e parte do Paraguai, Uruguai e Argentina, motivo pelo qual foi inicialmente denominado Aqüífero MERCOSUL.
Para compreender a origem deste aqüífero, deve-se voltar ao passado, ao início da Era Mesozóica, conhecida por ser a Era dos Dinossauros. No início deste intervalo de tempo, existia um imenso deserto cobrindo grande parte da América do Sul, muito semelhante ao que é hoje o Deserto do Saara. Nos ambientes desérticos, predomina o transporte e sedimentação de grande quantidade de areia através dos ventos, formando gigantescas dunas. Uma característica marcante das areias eólicas (depositadas pelo vento), é a de apresentarem grãos bem arredondados e esféricos, o que faz com que o pacote sedimentar fique muito poroso, cheio de vazios intercomunicados entre si, o que confere à rocha sedimentar, assim formada, excelentes condições de armazenamento de água subterrânea.
Após a sedimentação destas areias, as quais deram origem aos arenitos da Formação Botucatu, ocorreu intenso vulcânismo fissural, com a saída de grande quantidade de lavas através de fendas quilométricas, resultantes do início do processo de separação entre a América do Sul e a África, o qual deu origem ao Oceano Atlântico. Estas lavas cobriram os arenitos tornando-os parcialmente confinados e protegidos, posicionando-os a profundidades de até 2000 m.
Com o passar dos anos, os vazios entre os grãos do arenito foram sendo preenchidos por água, tornando-o um dos maiores reservatórios de água subterrânea que se conhece no mundo, com um volume estimado de 48 000 km3, quantidade suficiente para fornecer água para toda a população atual do Brasil por 3 500 anos.
Este aqüífero recebe uma recarga natural, a partir das águas das chuvas, de tal forma que uma exploração racional possibilita abastecer continuamente uma população de 20 milhões de pessoa sem comprometer suas reservas.
Outra característica deste aqüífero é o fato de fornecer, em determinadas regiões, água quente, com temperaturas de 33 a 45 oC, o que possibilita o seu uso para o turismo, em balneários termais, como fonte alternativa de energia e até para a minimizar os efeitos de geadas.
No entanto este reservatório não se encontra totalmente protegido, necessitando medidas urgentes no sentido de evitar sua contaminação e seu uso descontrolado. Para isso é necessário identificar regiões mais vulneráveis, onde deve ser proibida qualquer atividade potencialmente poluente, como instalação de postos de gasolina, cemitérios e uso de agrotóxicos, entre outros.
Prof. Dr. Paulo César Boggiani
http://www.igc.usp.br/index.php?id=166 - 12/07/2002
Prevenção e cuidados
Especialistas alertam que essa área é a mais vulnerável e precisa ter sua exploração supervisionada por programas ambientais que previnam a poluição da água subterrânea e também seu esgotamento.
Outro cuidado necessário por parte de uma política governamental é evitar que fertilizantes químicos e pesticidas utilizados na agricultura dessa região contaminem os lençóis freáticos. Só para recordar: lençol freático é a parte superior de um depósito subterrâneo de água.
De acordo com estudos da Universidade da Água, a poluição dos aqüíferos superiores que ocorre, no Brasil, Paraguai, Uruguai ou Argentina, poderá contaminar a água que é extraída dos poços profundos, "até mesmo quando estão localizados nos seus setores confinados".
Mas nem só de subsolo vive um aqüífero: embora tenha camadas com profundidades que variam entre 50 metros e 1.800 metros, ele também surge na superfície, em afloramentos - e nesses locais o risco de contaminação com agrotóxicos é muito maior.
Uma das propostas apresentadas no Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Aqüífero Guarani - organizado pelas nações em que ele está presente - proíbe a agricultura que usa fertilizantes e pesticidas, como a da cana-de-açúcar, nos locais de afloramentos, como na região de Botucatu, em São Paulo. Podem ainda ser criadas áreas de restrição para novas perfurações.
Homenagem à nação indígena
Batizado primeiramente de aqüífero Botucatu (hoje o nome de um reservatório menor, em São Paulo), o Guarani foi totalmente mapeado nos anos 1970, quando companhias petrolíferas fizeram prospeção dos terrenos em que ele se encontra e definiram sua extensão.
O nome definitivo, Guarani, foi dado pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à nação indígena que habitava a região desde antes da chegada dos europeus ao continente sul americano.
fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u60.jhtm - acesso 21/10/2010
4 de jun. de 2010
Porque Cuesta e não Serra? O Morro de Rubião Jr. é um Vulcão?
Nosso município pode ser dividido em três regiões naturais: a da Baixada, o Topo da Cuesta e a Frente ou Front da Cuesta.
Essa forma de relevo lembra um degrau entre dois planaltos: o da Baixada ( 400 a 600 m. de altitude) e o Topo da Cuesta (700 a 950 m.) onde se localiza o município.
A área que erroneamente chamam de serra, é na verdade o Front da Cuesta, por onde passa a rodovia Marechal Rondon e onde se localiza a igrejinha com seu mirante espetacular. Aí também se pode ver claramente através dos cortes feitos para a construção da rodovia, as várias camadas intercaladas entre arenito e basalto e esse último, exibe de forma bastante explicita as várias fases de decomposição que sofreu, mostrando desde a sua forma original (camadas mais baixas) até o estágio final que é o solo (camadas superficiais).
A primeira região ou Baixada é dominada por colinas suaves cortadas pelos afluentes do rio Tietê. É onde também se localiza o Morro do Peru e o Gigante Deitado, formações mais resistentes (testemunhos) que não cederam à força erosiva do tempo.
A segunda região, a do Topo, exibe espigões que são os divisores de água das bacias do Tietê e do Pardo e de seus afluentes. Esses espigões se encontram bastante erodidos pelos rios e pelas chuvas. Terrenos de maior resistência a essas erosões formaram morros como o de Rubião Junior (950 m.), onde se encontra a igreja de Sto. Antônio com sua vista panorâmica da região.
Muitos perguntam se o morro de Rubião é ou foi um vulcão, devido ao seu formato que muito lembra alguns tipos de montanhas vulcânicas. Na realidade ele é mais um dos morros que ofereceram maior resistência aos agentes erosivos e por isso conservaram suas altitudes até os dias atuais.
Porque Cuesta e não Serra?
As serras são formadas por sucessivos morros alinhados lembrando os dentes de uma serra ou serrote.
Já a Cuesta possui uma única inclinação ou escarpa (cuesta = costa em castelhano) e uma descida suave. Portanto o termo serra, apesar de muito utilizado, não é o termo cientificamente correto para se referir a essa região. A cuesta de Botucatu é parte integrante da chamada “Serra Geral”.
A Formação Serra Geral é uma formação geológica constituida por rochas magmáticas relacionada aos derrames e intrusivas que recobrem 1,2 milhões de km² da Bacia do Paraná, abrangendo toda a região centro-sul do Brasil e estendendo-se ao longo das fronteiras do Paraguai, Uruguai e Argentina. O vulcanismo Serra Geral ocorreu no início do Período Cretáceo, entre 137 e 127 milhões de anos, e está associado ao processo de ruptura do supercontinente Gondwana e à formação do Atlântico Sul. Este evento resultou na formação de espessa sucessão vulcânica e é uma das maiores extrusões ígneas do planeta, se estendendo até o continente africano, na Bacia de Etendeka, na Namíbia e Angola. A Formação Serra Geral pertence à supersequência estratigráfica de segunda ordem denominada Superseqüência Gondwana III.
Essa forma de relevo lembra um degrau entre dois planaltos: o da Baixada ( 400 a 600 m. de altitude) e o Topo da Cuesta (700 a 950 m.) onde se localiza o município.
A área que erroneamente chamam de serra, é na verdade o Front da Cuesta, por onde passa a rodovia Marechal Rondon e onde se localiza a igrejinha com seu mirante espetacular. Aí também se pode ver claramente através dos cortes feitos para a construção da rodovia, as várias camadas intercaladas entre arenito e basalto e esse último, exibe de forma bastante explicita as várias fases de decomposição que sofreu, mostrando desde a sua forma original (camadas mais baixas) até o estágio final que é o solo (camadas superficiais).
A primeira região ou Baixada é dominada por colinas suaves cortadas pelos afluentes do rio Tietê. É onde também se localiza o Morro do Peru e o Gigante Deitado, formações mais resistentes (testemunhos) que não cederam à força erosiva do tempo.
A segunda região, a do Topo, exibe espigões que são os divisores de água das bacias do Tietê e do Pardo e de seus afluentes. Esses espigões se encontram bastante erodidos pelos rios e pelas chuvas. Terrenos de maior resistência a essas erosões formaram morros como o de Rubião Junior (950 m.), onde se encontra a igreja de Sto. Antônio com sua vista panorâmica da região.
Muitos perguntam se o morro de Rubião é ou foi um vulcão, devido ao seu formato que muito lembra alguns tipos de montanhas vulcânicas. Na realidade ele é mais um dos morros que ofereceram maior resistência aos agentes erosivos e por isso conservaram suas altitudes até os dias atuais.
Porque Cuesta e não Serra?
As serras são formadas por sucessivos morros alinhados lembrando os dentes de uma serra ou serrote.
Já a Cuesta possui uma única inclinação ou escarpa (cuesta = costa em castelhano) e uma descida suave. Portanto o termo serra, apesar de muito utilizado, não é o termo cientificamente correto para se referir a essa região. A cuesta de Botucatu é parte integrante da chamada “Serra Geral”.
A Formação Serra Geral é uma formação geológica constituida por rochas magmáticas relacionada aos derrames e intrusivas que recobrem 1,2 milhões de km² da Bacia do Paraná, abrangendo toda a região centro-sul do Brasil e estendendo-se ao longo das fronteiras do Paraguai, Uruguai e Argentina. O vulcanismo Serra Geral ocorreu no início do Período Cretáceo, entre 137 e 127 milhões de anos, e está associado ao processo de ruptura do supercontinente Gondwana e à formação do Atlântico Sul. Este evento resultou na formação de espessa sucessão vulcânica e é uma das maiores extrusões ígneas do planeta, se estendendo até o continente africano, na Bacia de Etendeka, na Namíbia e Angola. A Formação Serra Geral pertence à supersequência estratigráfica de segunda ordem denominada Superseqüência Gondwana III.
Os Terremotos e a terra roxa
Todos êsses terrenos foram sacudidos por violentos terremotos que racharam a crosta em vários pontos, abrindo fendas de milhares de metros de profundidade e centenas de quilômetros de extensão durante a época do levantamento da cordilheira dos Andes (de 190 a 150 milhões de anos). Nosso antigo deserto, bem como as creos vizinhas, foram recobertos em grande extensão por lençóis de lava vulcânica que sairam, atravês das fendas, do Interior da Terra. Essas lavas, quentíssimas, "cozinharam" os arenitos fazendo surgir uma rocha dura que foram muito utilizadas para a construção de muros, alícerces de casas ou na confecção de calçadas com desenhos. É o quartzito (uma rocha metamórfica), que pode ser avermelhado (quando sua origem é o arenito Botucatu) e brancoamarelado (proveniente do arenito Bauru). Por sua vez, a lava resfriou e se solidificou. Deu origem ao que o povo chama de "pedra ferro" e que tem grande utilidade na construção de casas, estradas (britada) e que fornece as pedras negras que, associadas aos quartzitos, formam os desenhos de nossas calçadas e praças. Essa lava formou o basalto e o diabásio (ro' chas magmáticas).
Êsse fenômeno do derrame de lavas, depois dos terremotos que abalaram nossas terras foi bastante comum no sul do Brasil. E teve duas consequências principais: A primeira, favorável, foi o surgimento da terra rôxa - produto da decomposíção basalto ou do diabásio, de tanta importância para a agricultura.
(Lembrando que o termo terra roxa foi criado em virtude de os colonizadores italianos chamarem esse tipo de terra de rossa (vermelho em italiano). O brasileiro entendeu como roxo e assim ficou. Portanto a terra roxa é um nome dado a esse tipo de terra que na realidade é vermelha.) - acrescentado pelo prof. Miguel Jeronymo Filho.
A segunda, desfavorável: evaporou o lençol de petr6leo existente principalmente na Baixada, às magens do Tietê, deixando apenas pequenas bôlsas misturadas com o areniro
Você pode ver a lava solidificada intercalada no areníto em vários pontos do nosso município, especialmente nos cortes de estadas à frente da cuesta e no fundo dos vales dos rios da região do Tôpo da Cuesta.
Os principais minerais encontrados em Botucatu são. além dos já citados, ágatas, calcedônias,. quartzolitos e ametistas. Merecem menção, também, as águas sulfurosas de Alambari
Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966
Êsse fenômeno do derrame de lavas, depois dos terremotos que abalaram nossas terras foi bastante comum no sul do Brasil. E teve duas consequências principais: A primeira, favorável, foi o surgimento da terra rôxa - produto da decomposíção basalto ou do diabásio, de tanta importância para a agricultura.
(Lembrando que o termo terra roxa foi criado em virtude de os colonizadores italianos chamarem esse tipo de terra de rossa (vermelho em italiano). O brasileiro entendeu como roxo e assim ficou. Portanto a terra roxa é um nome dado a esse tipo de terra que na realidade é vermelha.) - acrescentado pelo prof. Miguel Jeronymo Filho.
A segunda, desfavorável: evaporou o lençol de petr6leo existente principalmente na Baixada, às magens do Tietê, deixando apenas pequenas bôlsas misturadas com o areniro
Você pode ver a lava solidificada intercalada no areníto em vários pontos do nosso município, especialmente nos cortes de estadas à frente da cuesta e no fundo dos vales dos rios da região do Tôpo da Cuesta.
Os principais minerais encontrados em Botucatu são. além dos já citados, ágatas, calcedônias,. quartzolitos e ametistas. Merecem menção, também, as águas sulfurosas de Alambari
Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966
Botucatu já foi um deserto
Em que época da formação do nosso planeta surgiram os terrenos de Botucatu? São recentes ou antigos? Contém fósseis ou não? Essas e outras perguntas podem ser respondidas pelo exame das rochas. Você já deve ter observado que grande parte do território municipal é formada por terrenos arenosos, de côr avermelhada, amarelada ou mesmo esbranquiçada. São os arenitos. Um dêles é muito importante para nós pois chegou a receber dos geólogos o nome de "arenito Botucotu". Êle formava um enorme deserto avermelhado que cobria grande parte do sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina, parte do Rio Grande do SuL de Minas Gerais e outros) há 190 milhões de anos - o deserto de Botucatu. Isso ocorreu quando a Terra estava num período chamado Triássico. O clima era: então muito seco,Se alguém pudesse visitar nossa região àquela época (ainda não havia sêres humanos) teria que atravessar uma região árida, cheia de dunas batidas pelo vento, onde a água era rara e difícil. A vegetação, também raríssima, o mesmo ocorrendo com a fauna. Eis porque não é facil hoje encontrar fósses em nosso território.
O CLIMA MUDOU
Com o passar do tempo o clima se modificou tornando-se pouco a pouco mais úmido. No período Cretácíco surgiram lagoas e rios alimentados pelas chuvas e começou a se formar outro tipo de arenito - o chamado "Bauru", Esse tem aspecto esbranquiçado e você o encontra formando nas partes mais elevadas das colinas e espigões inclusive o morro de Rubião Júnior que já foi, possívelmente, um fundo de lago e não um vulcão extinto.
Há, também, outro tipo de arenito, que alguns geólogos chamam de "Caiuá", formado durante o período Jurássico. Na Baixada, à beira dos rios Tietê, Piracicaba, Alambari há terrenos velhos, do Pérmico (215 milhões de anos). São os mais antigos do nosso território e contêm restos de petróleo misturados com arenito (pirobetuminoso). Se fôrem explorados poderão fornecer asfalto para nossas estradas.
Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966
O CLIMA MUDOU
Com o passar do tempo o clima se modificou tornando-se pouco a pouco mais úmido. No período Cretácíco surgiram lagoas e rios alimentados pelas chuvas e começou a se formar outro tipo de arenito - o chamado "Bauru", Esse tem aspecto esbranquiçado e você o encontra formando nas partes mais elevadas das colinas e espigões inclusive o morro de Rubião Júnior que já foi, possívelmente, um fundo de lago e não um vulcão extinto.
Há, também, outro tipo de arenito, que alguns geólogos chamam de "Caiuá", formado durante o período Jurássico. Na Baixada, à beira dos rios Tietê, Piracicaba, Alambari há terrenos velhos, do Pérmico (215 milhões de anos). São os mais antigos do nosso território e contêm restos de petróleo misturados com arenito (pirobetuminoso). Se fôrem explorados poderão fornecer asfalto para nossas estradas.
Fonte : Botucatu, nossa terra, nossa gente e nossas riquezas – Julierme de Abreu e Castro e Neuton Dezoti - 1966
8 de fev. de 2010
As Três Pedras
Formação rochosa sedimentar, que devido a maior resistência erosiva se mantém em altitudes mais elevadas que as demais formações da região.
O local popularmente conhecido como Três Pedras é um conjunto de morros, situado na divisa entre os municípios de Bofete, Pardinho e Botucatu. A região rústica retrata com fidelidade a paisagem da Cuesta botucatuense, com vales e montanhas e vegetação típica. Apesar da beleza da região, a maior atração das Três Pedras está em seu lado místico. Grupos de esotéricos e curiosos que as visitam garantem que há fenômenos inexplicáveis, e que no local pousam discos voadores.
Os visitantes devem tomar cuitados com a presença de cobras, escorpiões e abelhas africanizadas.
Não é fácil chegar a região, com vegetação bastante espessa e topografia acidentada, mas a aventura atrai pessoas de todo o país. Nas proximidades, alguns fazendeiros oferecem hospitalidade e há também postos de combustível, restaurantes e lanchonetes por perto.
As estórias e lendas sobre o local são bastante antigas, mas se popularizaram depois dos estudos de Frei Fidélis Maria de Primiero, um frade Capuchinho que permaneceu em Botucatu nos anos 50. Estudioso da história antiga, Frei Fidélis interpretou as Três Pedras como um dos antigos templos de adoração à Satã, e afirmava que em sumério o vocábulo Botucatu significa "Templo da Serpente entre as Pedras". As teorias do Frei vão além e dizem que a cidade e os municípios que a cercam pertencem a uma região onde há milênios se realizava sacrifícios em louvor ao demônio.
Há também uma estória que diz que os Jesuítas que catequizavam o interior do país passavam pelas Três Pedras quando foram atacados por índios selvagens.
Contam que os Jesuítas esconderam, na pedra do meio, um enorme carregamento de ouro, mas com o massacre, perdeu-se o local onde até hoje encontra-se o tesouro.
fonte: http://www.botucatu.sp.gov.br/estudo_pesquisa/lendas1.htm
O local popularmente conhecido como Três Pedras é um conjunto de morros, situado na divisa entre os municípios de Bofete, Pardinho e Botucatu. A região rústica retrata com fidelidade a paisagem da Cuesta botucatuense, com vales e montanhas e vegetação típica. Apesar da beleza da região, a maior atração das Três Pedras está em seu lado místico. Grupos de esotéricos e curiosos que as visitam garantem que há fenômenos inexplicáveis, e que no local pousam discos voadores.
Os visitantes devem tomar cuitados com a presença de cobras, escorpiões e abelhas africanizadas.
Não é fácil chegar a região, com vegetação bastante espessa e topografia acidentada, mas a aventura atrai pessoas de todo o país. Nas proximidades, alguns fazendeiros oferecem hospitalidade e há também postos de combustível, restaurantes e lanchonetes por perto.
As estórias e lendas sobre o local são bastante antigas, mas se popularizaram depois dos estudos de Frei Fidélis Maria de Primiero, um frade Capuchinho que permaneceu em Botucatu nos anos 50. Estudioso da história antiga, Frei Fidélis interpretou as Três Pedras como um dos antigos templos de adoração à Satã, e afirmava que em sumério o vocábulo Botucatu significa "Templo da Serpente entre as Pedras". As teorias do Frei vão além e dizem que a cidade e os municípios que a cercam pertencem a uma região onde há milênios se realizava sacrifícios em louvor ao demônio.
Há também uma estória que diz que os Jesuítas que catequizavam o interior do país passavam pelas Três Pedras quando foram atacados por índios selvagens.
Contam que os Jesuítas esconderam, na pedra do meio, um enorme carregamento de ouro, mas com o massacre, perdeu-se o local onde até hoje encontra-se o tesouro.
fonte: http://www.botucatu.sp.gov.br/estudo_pesquisa/lendas1.htm
Fazenda Lageado e Edgardia (Unesp)
Em sua trajetória histórica, as Fazendas Lageado e Edgardia têm desempenhado papéis distintos. Num primeiro momento funcionaram como grande propriedade fundiária particular, unidades produtoras de café. Em 1934, compradas pela Federação, as Fazendas foram transformadas em Estação Experimental, voltadas para o desenvolvimento de pesquisas agrícolas, e a partir de 1972, tornam-se uma unidade de ensino de nível superior. Recuperar a história desta Fazenda significa não apenas desvendar seu passado e sua inserção na própria história econômica, política e social brasileira, mas abrir caminhos para tentar entender o momento presente e definir os objetivos e as alternativas para o melhor desempenho de seu papel. Este documento é uma introdução à história do Lageado, um levantar de dados, fatos e acontecimentos que possa ser utilizado como ponto de partida para uma análise mais sistemática, propiciando debate mais aberto entre todos os que têm participado e feito a sua participação.
Uma Fazenda de Café
A formação, instalação e desenvolvimento das antigas Fazendas do Lageado e Edgardia como unidades produtoras de café, inserem-se num processo histórico mais amplo - a grande expansão da economia cafeeira ocorrida no "Oeste Paulista", no século passado.
O "ciclo do café" remonta às décadas de 1830/1840, desenvolvendo-se inicialmente no Vale do Paraíba. Em continuidade aos padrões da economia colonial, fundada na grande propriedade e na exploração da mão-de-obra escrava, a produção cafeeira atendia o mercado metropolitano, importador de produtos tropicais.
Entretanto, na segunda metade do século XIX, ocorreram transformações cruciais nas relações de produção e nas formas de apropriação da terra, que marcaram a própria evolução do capitalismo no Brasil e definiram toda uma estrutura de poder que caracterizará as primeiras décadas do século XX.
Neste sentido, a abolição do tráfico de escravos em 1850, e a conseqüente crise no abastecimento de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, abriu perspectiva para o colapso do sistema escravocrata. A tentativa de atender à demanda de mão-de-obra pela introdução do trabalho livre estrangeiro, vinculou-se ao problema de redefinição da propriedade da terra. Não foi mera coincidência a promulgação, também em 1850, da lei de Terras, instituindo a compra como único título legal de aquisição de terras.
Assim, no momento em que se deu a introdução do trabalhador livre como substituto do escravo, estabeleceu-se nova forma de acesso à terra, que por sua vez garantiu as condições de submissão e exploração da força de trabalho. num regime de terras livres, o trabalho tinha que ser cativo, num regime de trabalho livre, a terra tinha que ser cativa". (MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra. São Paulo: Livraria Ed. Ciências Humanas, 1979:32).
A partir da legislação de 1850, uma série de medidas deram suporte jurídico e financeiro para a grande expansão da economia cafeeira: o imóvel, e não mais o escravo, passou a ser a base das hipotecas; liberação de créditos hipotecários aos municípios do interior paulista; subvenção do governo à imigração estrangeira.
Nestas condições, ocorreu a expansão de novas fazendas de café no "Oeste Paulista", a partir de 1870, numa busca ávida por terras virgens e férteis. Esta expansão foi acompanhada por importantes transformações ao nível das forças produtivas, através do desenvolvimento do transporte ferroviário e da mecanização do beneficiamento do café.
O café chegou a Botucatu exatamente na década de 1870, e junto com ele, a Estrada de Ferro Sorocabana. (1889).
Em 1881, o doutor João Batista da Rocha Conceição, proveniente de Piracicaba, comprou do finado Alferes José Franco da Silveira, a Fazenda Lageado, pelo preço de 100 contos de réis.
Em escritura pública lavrada a 10 de novembro de 1881 a propriedade, medindo "cerca de três quartos de légoa de cumprimento e meia légoa de mais ou menos de largo" é descrita como sendo uma "fazenda de cultura" contendo: "cafezais de cinco a dez annos, um cafezal novo de pouco mais de dous annos ,e outro cafezal de Chacrinha quasi todo formado". Além disso, já existiam: " caza de morada, parte forrada e assoalhada que conta com cem palmos de frente com oitenta de fundos; coberta de telhas (...) e rebocada de cal...; caza de despejo; caza de deposito de café, cazas de máquinas, moinho , estrebarias, monjolo, doze quartos que servem de aposentos dos escravos".
São escassos os dados sobre a Fazenda durante a vigência da escravidão. E com a chegada do colono imigrante, parece terem sido poucos os negros que nela permaneceram. Nos depoimentos colhidos, houve referência apenas a um casal de ex-escravos que viviam na colônia "Três Casas".
Foi a partir de compras subsequentes de terras vizinhas (Salto, em 1884; Fazenda Terreiro da Pedra , em 1895 e partes da Fazenda Terceira Água, em 1896 ) que se configuraram as Fazendas Ligeado e Edgardia. Para cuidar dos grandes cafezais foi utilizado basicamente, o colono imigrante : italianos, espanhóis, portugueses, alemães e alguns japoneses. A medida em que se organizava a Fazenda, colônias foram constituídas: "Fazendinha" , "Três Casas", "Colônia Grande", "Chacrinha", "Seis Casas", "Olaria" e "Chafariz" no lageado, além de outros grupos de casas na Edgardia.
A venda das Fazendas Lageado e Edgardia para o Departamento Nacional do Café, em 1934 parece estar relacionada com a "crise de 1929" e a própria orientação política assumida pelo Estado, para enfrentar os reflexos dessa crise no Brasil.
Desde a República , o Estado passara a intervir cada vez mais nos destinos da produção cafeeira, adotando medidas protecionistas em defesa do produtor. Quando, no início da década de 1930, ocorreu uma queda vertiginosa dos preços internacionais de produtos primários, o Estado reafirmou a política de defesa dos cafeicultores e transferiu para o conjunto da sociedade o peso das vicissitudes da economia cafeeira.
"...a estrutura social e política baseada na grande propriedade agrária age como anteparo desta. A influência dos grandes proprietários nos governos da União e dos Estados faz com que o Estado se empenhe em amparar economicamente a agricultura (...)" (SINGER, P. Agricultura e desenvolvimento econômico. ln: Szmrecsányi, T. e O. Queda (orgs.). Vida Rural e Mudança Social. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973:177).
Dentro desta perspectiva, é sugestivo, o encaminhamento da problemática com relação à Fazenda do Lageado.
Nesse momento de crise, o Departamento Nacional do Café, órgão oficial responsável pelos aspectos político e financeiro da cafeicultura, adquiriu e pôs à disposição do Ministério da Agricultura, um imóvel resultante da unificação das duas fazendas, Lageado e Edgardia, de 884 alqueires e 290.000 pés de café, no valor de 800 contos de réis.
Transformadas em Estação Experimental do Café , a fazenda passou a ser controlada pelo Serviço Técnico do Café, órgão do Ministério da Agricultura. O objetivo exclusivo da Estação seria: levar a efeito estudos completos sobre a cultura cafeeira.
Os primeiros anos de instalação e funcionamento da Estação Experimental foram marcadas por inúmeras dificuldades.
Relatórios elaborados pela direção denunciam a decadência e quase abandono das lavouras; o estado ruinoso e inaproveitável das instalações e benfeitorias; a dificuldade de conseguir mão-de-obra; o estado precário das estradas, caminhos e carreadores e a necessidade de instalações adequadas para pesquisa e experimentos.
Além das dificuldades materiais, surgiram problemas de ordem administrativa e financeira; constante troca de diretores, falta de financiamento e/ou má distribuição das verbas, etc.
Ainda assim, os Relatórios dão conta de inúmeros empreendimentos levados a efeito entre 1936 a 1939: tentativa de recuperação dos velhos cafezais; reedificação das colônias; política de "recolonização"; instalação de pequena usina hidroelétrica; instalação do posto meteorológico; início da instalação do horto para obtenção de essências florestais para plantio e distribuição e mudas; construção e inauguração do prédio da Diretoria e do Alojamento, além de residências para funcionários. Instalação do museu para prestar serviço de classificação do café e exposição permanente de amostras; instalação de galpão para exposição de máquinas de interesse para a lavoura. Além disso, data de 1939, a criação da Cooperativa de Consumo dos Empregados e do Clube Atlético Lageado.
Em 1939, ocorreu uma mudança na orientação e estrutura ministerial e todas as Estações Experimentais ficaram subordinadas ao Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícolas (depois, integrado ao Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuário, IPEAS).
Dentro da nova orientação, a Estação Experimental de Botucatu, de especializada que era, passou a diversificar suas culturas. Em convênio com o Instituto Agronômico de Campinas foram executados inúmeros trabalhos e pesquisas agrícolas. Ao lado do café, passaram a ser cultivados em caráter experimental; trigo, mandioca, amendoim, milho, cevada, vime, rami, sisal, etc.
Com relação à cafeicultura, apesar da diminuição sistemática dos cafezais (de 290.000 para 90.000 pés), foram desenvolvidos números trabalhos de pesquisas e ensaios de sombreamento, broca, restauração de velhos cafezais, espaçamento, enxertia, auto-fecundação, irrigação, coleção de espécies e variedades, etc. Os resultados destas atividades se encontram nos relatórios anuais da Estação, acompanhados de gráficos e rica documentação fotográfica.
Tanto os Relatórios como depoimentos colhidos, testemunham as décadas de 1940 e 1950 como fase de estabilidade, marcadas pela continuidade administrativa e dos programas desenvolvidos.
Apesar das freqüentes queixas de falta de recursos (a renda de produção não revertia para a Estação, novas máquinas e equipamentos foram introduzidos no trabalho a nível laboratorial e no campo.
A partir dos anos 60, as dificuldades aumentaram. Relatórios e depoimentos dão conta da situação de crise e decadência da Estação. Em 1966, o Boletim do Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias do Centro Sul, elaborado pela própria Estação Experimental de Botucatu, chama atenção para o Ministério da Agricultura assumir novamente uma posição em beneficio da cafeicultura reivindicando o retorno da cultura "para as ditas zonas ecológicas do café..." (IPEACS Em Notícias, 1966:6).
Uma Unidade de Ensino Superior
O encaminhamento da questão se deu no sentido de transformar a Estação Experimental em unidade de ensino superior, sobretudo a partir da instalação da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB).
O Decreto de 12 de dezembro de 1968, autorizou a União ceder ao governo do Estado de São Paulo a área, benfeitorias e instalações da Estação para utilização e instalação de uma unidade de ensino superior. A FCMBB e os órgãos de pesquisa do Ministério da Agricultura elaboraram convênio de pesquisas integradas visando dar prosseguimento aos trabalhos aí em andamento.
Entretanto, o comprador da propriedade fora o extinto Departamento Nacional do Café (DNC), e o legítimo possuidor da fazenda era o Instituto Brasileiro do Café (IBC), sucessor legal do DNC. Pela lei de 5 de dezembro de 1972, o IBC cedeu as Fazendas Lageado e Edgardia, a título gratuito, ao Estado, para instalação em caráter definitivo dos cursos de Medicina Veterinária e Ciências Agronômicas. Em caso de destino diverso do especificado na lei o imóvel será devolvido ao Instituto Brasileiro do Café.
A partir do momento em que se instala oficialmente, nesta Fazenda Lageado, a faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP), todo um corpo de professores, alunos e funcionários passam a constituir um novo universo. Neste sentido, é imprescindível não só recuperar e preservar a história desta fazenda e todo o seu patrimônio, como se repensar e propor alternativas para sua nova história.
*Docente do Departamento de Economia e Sociologia Rural. A profa. Izabel de Carvalho colaborou na orientação deste texto.
Fonte: http://www.widesoft.com.br/users/pcastro/museucafe.htm
Uma Fazenda de Café
A formação, instalação e desenvolvimento das antigas Fazendas do Lageado e Edgardia como unidades produtoras de café, inserem-se num processo histórico mais amplo - a grande expansão da economia cafeeira ocorrida no "Oeste Paulista", no século passado.
O "ciclo do café" remonta às décadas de 1830/1840, desenvolvendo-se inicialmente no Vale do Paraíba. Em continuidade aos padrões da economia colonial, fundada na grande propriedade e na exploração da mão-de-obra escrava, a produção cafeeira atendia o mercado metropolitano, importador de produtos tropicais.
Entretanto, na segunda metade do século XIX, ocorreram transformações cruciais nas relações de produção e nas formas de apropriação da terra, que marcaram a própria evolução do capitalismo no Brasil e definiram toda uma estrutura de poder que caracterizará as primeiras décadas do século XX.
Neste sentido, a abolição do tráfico de escravos em 1850, e a conseqüente crise no abastecimento de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, abriu perspectiva para o colapso do sistema escravocrata. A tentativa de atender à demanda de mão-de-obra pela introdução do trabalho livre estrangeiro, vinculou-se ao problema de redefinição da propriedade da terra. Não foi mera coincidência a promulgação, também em 1850, da lei de Terras, instituindo a compra como único título legal de aquisição de terras.
Assim, no momento em que se deu a introdução do trabalhador livre como substituto do escravo, estabeleceu-se nova forma de acesso à terra, que por sua vez garantiu as condições de submissão e exploração da força de trabalho. num regime de terras livres, o trabalho tinha que ser cativo, num regime de trabalho livre, a terra tinha que ser cativa". (MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra. São Paulo: Livraria Ed. Ciências Humanas, 1979:32).
A partir da legislação de 1850, uma série de medidas deram suporte jurídico e financeiro para a grande expansão da economia cafeeira: o imóvel, e não mais o escravo, passou a ser a base das hipotecas; liberação de créditos hipotecários aos municípios do interior paulista; subvenção do governo à imigração estrangeira.
Nestas condições, ocorreu a expansão de novas fazendas de café no "Oeste Paulista", a partir de 1870, numa busca ávida por terras virgens e férteis. Esta expansão foi acompanhada por importantes transformações ao nível das forças produtivas, através do desenvolvimento do transporte ferroviário e da mecanização do beneficiamento do café.
O café chegou a Botucatu exatamente na década de 1870, e junto com ele, a Estrada de Ferro Sorocabana. (1889).
Em 1881, o doutor João Batista da Rocha Conceição, proveniente de Piracicaba, comprou do finado Alferes José Franco da Silveira, a Fazenda Lageado, pelo preço de 100 contos de réis.
Em escritura pública lavrada a 10 de novembro de 1881 a propriedade, medindo "cerca de três quartos de légoa de cumprimento e meia légoa de mais ou menos de largo" é descrita como sendo uma "fazenda de cultura" contendo: "cafezais de cinco a dez annos, um cafezal novo de pouco mais de dous annos ,e outro cafezal de Chacrinha quasi todo formado". Além disso, já existiam: " caza de morada, parte forrada e assoalhada que conta com cem palmos de frente com oitenta de fundos; coberta de telhas (...) e rebocada de cal...; caza de despejo; caza de deposito de café, cazas de máquinas, moinho , estrebarias, monjolo, doze quartos que servem de aposentos dos escravos".
São escassos os dados sobre a Fazenda durante a vigência da escravidão. E com a chegada do colono imigrante, parece terem sido poucos os negros que nela permaneceram. Nos depoimentos colhidos, houve referência apenas a um casal de ex-escravos que viviam na colônia "Três Casas".
Foi a partir de compras subsequentes de terras vizinhas (Salto, em 1884; Fazenda Terreiro da Pedra , em 1895 e partes da Fazenda Terceira Água, em 1896 ) que se configuraram as Fazendas Ligeado e Edgardia. Para cuidar dos grandes cafezais foi utilizado basicamente, o colono imigrante : italianos, espanhóis, portugueses, alemães e alguns japoneses. A medida em que se organizava a Fazenda, colônias foram constituídas: "Fazendinha" , "Três Casas", "Colônia Grande", "Chacrinha", "Seis Casas", "Olaria" e "Chafariz" no lageado, além de outros grupos de casas na Edgardia.
A venda das Fazendas Lageado e Edgardia para o Departamento Nacional do Café, em 1934 parece estar relacionada com a "crise de 1929" e a própria orientação política assumida pelo Estado, para enfrentar os reflexos dessa crise no Brasil.
Desde a República , o Estado passara a intervir cada vez mais nos destinos da produção cafeeira, adotando medidas protecionistas em defesa do produtor. Quando, no início da década de 1930, ocorreu uma queda vertiginosa dos preços internacionais de produtos primários, o Estado reafirmou a política de defesa dos cafeicultores e transferiu para o conjunto da sociedade o peso das vicissitudes da economia cafeeira.
"...a estrutura social e política baseada na grande propriedade agrária age como anteparo desta. A influência dos grandes proprietários nos governos da União e dos Estados faz com que o Estado se empenhe em amparar economicamente a agricultura (...)" (SINGER, P. Agricultura e desenvolvimento econômico. ln: Szmrecsányi, T. e O. Queda (orgs.). Vida Rural e Mudança Social. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973:177).
Dentro desta perspectiva, é sugestivo, o encaminhamento da problemática com relação à Fazenda do Lageado.
Nesse momento de crise, o Departamento Nacional do Café, órgão oficial responsável pelos aspectos político e financeiro da cafeicultura, adquiriu e pôs à disposição do Ministério da Agricultura, um imóvel resultante da unificação das duas fazendas, Lageado e Edgardia, de 884 alqueires e 290.000 pés de café, no valor de 800 contos de réis.
Transformadas em Estação Experimental do Café , a fazenda passou a ser controlada pelo Serviço Técnico do Café, órgão do Ministério da Agricultura. O objetivo exclusivo da Estação seria: levar a efeito estudos completos sobre a cultura cafeeira.
Os primeiros anos de instalação e funcionamento da Estação Experimental foram marcadas por inúmeras dificuldades.
Relatórios elaborados pela direção denunciam a decadência e quase abandono das lavouras; o estado ruinoso e inaproveitável das instalações e benfeitorias; a dificuldade de conseguir mão-de-obra; o estado precário das estradas, caminhos e carreadores e a necessidade de instalações adequadas para pesquisa e experimentos.
Além das dificuldades materiais, surgiram problemas de ordem administrativa e financeira; constante troca de diretores, falta de financiamento e/ou má distribuição das verbas, etc.
Ainda assim, os Relatórios dão conta de inúmeros empreendimentos levados a efeito entre 1936 a 1939: tentativa de recuperação dos velhos cafezais; reedificação das colônias; política de "recolonização"; instalação de pequena usina hidroelétrica; instalação do posto meteorológico; início da instalação do horto para obtenção de essências florestais para plantio e distribuição e mudas; construção e inauguração do prédio da Diretoria e do Alojamento, além de residências para funcionários. Instalação do museu para prestar serviço de classificação do café e exposição permanente de amostras; instalação de galpão para exposição de máquinas de interesse para a lavoura. Além disso, data de 1939, a criação da Cooperativa de Consumo dos Empregados e do Clube Atlético Lageado.
Em 1939, ocorreu uma mudança na orientação e estrutura ministerial e todas as Estações Experimentais ficaram subordinadas ao Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícolas (depois, integrado ao Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuário, IPEAS).
Dentro da nova orientação, a Estação Experimental de Botucatu, de especializada que era, passou a diversificar suas culturas. Em convênio com o Instituto Agronômico de Campinas foram executados inúmeros trabalhos e pesquisas agrícolas. Ao lado do café, passaram a ser cultivados em caráter experimental; trigo, mandioca, amendoim, milho, cevada, vime, rami, sisal, etc.
Com relação à cafeicultura, apesar da diminuição sistemática dos cafezais (de 290.000 para 90.000 pés), foram desenvolvidos números trabalhos de pesquisas e ensaios de sombreamento, broca, restauração de velhos cafezais, espaçamento, enxertia, auto-fecundação, irrigação, coleção de espécies e variedades, etc. Os resultados destas atividades se encontram nos relatórios anuais da Estação, acompanhados de gráficos e rica documentação fotográfica.
Tanto os Relatórios como depoimentos colhidos, testemunham as décadas de 1940 e 1950 como fase de estabilidade, marcadas pela continuidade administrativa e dos programas desenvolvidos.
Apesar das freqüentes queixas de falta de recursos (a renda de produção não revertia para a Estação, novas máquinas e equipamentos foram introduzidos no trabalho a nível laboratorial e no campo.
A partir dos anos 60, as dificuldades aumentaram. Relatórios e depoimentos dão conta da situação de crise e decadência da Estação. Em 1966, o Boletim do Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias do Centro Sul, elaborado pela própria Estação Experimental de Botucatu, chama atenção para o Ministério da Agricultura assumir novamente uma posição em beneficio da cafeicultura reivindicando o retorno da cultura "para as ditas zonas ecológicas do café..." (IPEACS Em Notícias, 1966:6).
Uma Unidade de Ensino Superior
O encaminhamento da questão se deu no sentido de transformar a Estação Experimental em unidade de ensino superior, sobretudo a partir da instalação da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB).
O Decreto de 12 de dezembro de 1968, autorizou a União ceder ao governo do Estado de São Paulo a área, benfeitorias e instalações da Estação para utilização e instalação de uma unidade de ensino superior. A FCMBB e os órgãos de pesquisa do Ministério da Agricultura elaboraram convênio de pesquisas integradas visando dar prosseguimento aos trabalhos aí em andamento.
Entretanto, o comprador da propriedade fora o extinto Departamento Nacional do Café (DNC), e o legítimo possuidor da fazenda era o Instituto Brasileiro do Café (IBC), sucessor legal do DNC. Pela lei de 5 de dezembro de 1972, o IBC cedeu as Fazendas Lageado e Edgardia, a título gratuito, ao Estado, para instalação em caráter definitivo dos cursos de Medicina Veterinária e Ciências Agronômicas. Em caso de destino diverso do especificado na lei o imóvel será devolvido ao Instituto Brasileiro do Café.
A partir do momento em que se instala oficialmente, nesta Fazenda Lageado, a faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP), todo um corpo de professores, alunos e funcionários passam a constituir um novo universo. Neste sentido, é imprescindível não só recuperar e preservar a história desta fazenda e todo o seu patrimônio, como se repensar e propor alternativas para sua nova história.
*Docente do Departamento de Economia e Sociologia Rural. A profa. Izabel de Carvalho colaborou na orientação deste texto.
Fonte: http://www.widesoft.com.br/users/pcastro/museucafe.htm
29 de jan. de 2010
A Cuesta
De acordo com a Teoria da Deriva Continental, acontecimento geológico do final do Período Carbonífero, existia uma única e gigantesca massa continental denominada de Pangaea.
Nessa época, a América do Norte estava ligada a Eurásia (Europa e Ásia) e a América do Sul ligada a África. A partir do Período Jurássico (a mais ou menos 180 a 200 milhões de anos), essa massa continental começou a sofrer um processo de divisão originando vários blocos continentais.
A primeira divisão ocorreu ao longo do oceano Atlântico Norte e do Índico, com a formação de uma extensa fenda no sentido leste oeste, originando dois super continentes (Laurásia e Gondwana). Em conseqüência, a América do Norte afastou-se da África e a Índia separou-se da Antártida o começou a migrar em direção a Ásia.
Há 65 milhões de anos (inicio do Terciário), decorridos mais de 100 milhões de anos desde o inicio do processo de separação, os continentes já estavam bem próximos de sua configuração atual: a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a Groelândia da Europa e América do Norte da Laurásia. Finalmente, nos últimos 65 milhões de anos, continentes e oceanos adquiriram a configuração atual.
Durante a separação dos continentes vários eventos geológicos ocorreram para determinar a formação da Cuesta de Botucatu.
Primeiramente vemos a Formação Pirambóia que esta exposta ao longo de toda a faixa de ocorrência dos sedimentos mesosóicos na Depressão Periférica do Estado de São Paulo. Esta formação representa, por suas características litológicas e estruturais depósitos oxidados, originários de ambiente continental úmido de característica fluvial em formas de canais e planícies de inundadas com pequenas lagoas esparsas. Atualmente, encontramos principalmente a Areia Quartzosa como solo originário da Formação Pirambóia, presentes na região da cuesta de Botucatu nos municípios de Anhembi e Conchas.
Outro evento geológico importante ocorrido entre o Jurássico médio-superior e o Cretáceo inferior foi o empilhamento de grandes dunas em vasta área que gerou a Formação Botucatu, que representa os diversos subambientes de um grande deserto climático de aridez crescente, cuja existência se prolongou até a ocasião do vulcanismo basáltico. Os ventos que moviam as dunas do deserto Botucatu sopravam principalmente de N a NE, isto é facilmente visualizado pelas linhas extratificadas presentes no arenito Botucatu. A Formação Botucatu em São Paulo esta exposta a uma faixa contínua às faldas das serras basálticas e em suas escarpas. Cobrindo uma extensa área entre os rios Piracicaba e Mogi-guaçu, originaram o latossolo vermelho-amarelo.
O vulcanismo basáltico, outro evento geológico importante para a configuração atual da Cuesta de Botucatu, iniciou sua atividade quando imperavam essas condições desérticas e este derrame basáltico recobriu os arenitos, porém em alguns locais temos a mostra intercalações de camadas de arenito e basalto.Os afloramentos dos derrames eruptivos em São Paulo estão presentes na parte superior das cuestas basálticas e em morros testemunhos isolados pela erosão.
Nos planaltos de rebordo essas cuestas podem cobrir grandes extensões, originando a terra roxa extruturada e o latossolo vermelho-escuro, penetrando pelos vales que drenam o planalto ocidental, expondo-se principalmente nos rios Paranapanema, Tiête, Mogi-guaçu e Grande.
Os arenitos da Formação Botucatu interligam-se em grande escala, com os derrames da Formação Serra Geral, sendo admissível que os arenitos Botucatu não cobriram simultaneamente toda a bacia do Paraná, na qual restaram expostas áreas de rochas mais antigas, para só mais tarde serem ocultas pelas dunas, quando o foram, ou ainda podem ter sido cobertas e posteriormente expostas com o próprio processo de progressão das dunas.
Por outro lado, parece inadmissível que o vulcanismo tenha se iniciado simultaneamente em tão grande área, indicando que o fenômeno ocorreu em um intervalo aparentemente mais longo que o real, e teve duração de pelo menos 15 milhões de anos.
De tal modo é possível que em certos locais se mantenham manifestados efusões basálticas antes ou ao mesmo tempo em que, em sítios não muito afastados, ainda se acumulavam arenitos eólicos, portanto pertencentes à Formação Botucatu.
A Formação Serra Geral é recoberta em discordância angular, geralmente muito disfarçada, pelas varias formações que constituem o grupo Bauru, ou depósitos cenozóicos. Localmente a discordância se observa em afloramento, podendo ser bem acentuada, tendo mesmo levado à total erosão dos basaltos, quando aquele grupo repousa sobre rochas paleozóicas, como é o caso da região próxima a Bauru.
Em cortes da ferrovia, na subida da serra para Botucatu, pode se observar que a própria morfologia da superfície dunar foi ali preservada comprovando a contemporaneidade entre a sedimentação desértica e o vulcanismo basáltico.
fonte: www.soscuesta.org.br
Nessa época, a América do Norte estava ligada a Eurásia (Europa e Ásia) e a América do Sul ligada a África. A partir do Período Jurássico (a mais ou menos 180 a 200 milhões de anos), essa massa continental começou a sofrer um processo de divisão originando vários blocos continentais.
A primeira divisão ocorreu ao longo do oceano Atlântico Norte e do Índico, com a formação de uma extensa fenda no sentido leste oeste, originando dois super continentes (Laurásia e Gondwana). Em conseqüência, a América do Norte afastou-se da África e a Índia separou-se da Antártida o começou a migrar em direção a Ásia.
Há 65 milhões de anos (inicio do Terciário), decorridos mais de 100 milhões de anos desde o inicio do processo de separação, os continentes já estavam bem próximos de sua configuração atual: a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a Groelândia da Europa e América do Norte da Laurásia. Finalmente, nos últimos 65 milhões de anos, continentes e oceanos adquiriram a configuração atual.
Durante a separação dos continentes vários eventos geológicos ocorreram para determinar a formação da Cuesta de Botucatu.
Primeiramente vemos a Formação Pirambóia que esta exposta ao longo de toda a faixa de ocorrência dos sedimentos mesosóicos na Depressão Periférica do Estado de São Paulo. Esta formação representa, por suas características litológicas e estruturais depósitos oxidados, originários de ambiente continental úmido de característica fluvial em formas de canais e planícies de inundadas com pequenas lagoas esparsas. Atualmente, encontramos principalmente a Areia Quartzosa como solo originário da Formação Pirambóia, presentes na região da cuesta de Botucatu nos municípios de Anhembi e Conchas.
Outro evento geológico importante ocorrido entre o Jurássico médio-superior e o Cretáceo inferior foi o empilhamento de grandes dunas em vasta área que gerou a Formação Botucatu, que representa os diversos subambientes de um grande deserto climático de aridez crescente, cuja existência se prolongou até a ocasião do vulcanismo basáltico. Os ventos que moviam as dunas do deserto Botucatu sopravam principalmente de N a NE, isto é facilmente visualizado pelas linhas extratificadas presentes no arenito Botucatu. A Formação Botucatu em São Paulo esta exposta a uma faixa contínua às faldas das serras basálticas e em suas escarpas. Cobrindo uma extensa área entre os rios Piracicaba e Mogi-guaçu, originaram o latossolo vermelho-amarelo.
O vulcanismo basáltico, outro evento geológico importante para a configuração atual da Cuesta de Botucatu, iniciou sua atividade quando imperavam essas condições desérticas e este derrame basáltico recobriu os arenitos, porém em alguns locais temos a mostra intercalações de camadas de arenito e basalto.Os afloramentos dos derrames eruptivos em São Paulo estão presentes na parte superior das cuestas basálticas e em morros testemunhos isolados pela erosão.
Nos planaltos de rebordo essas cuestas podem cobrir grandes extensões, originando a terra roxa extruturada e o latossolo vermelho-escuro, penetrando pelos vales que drenam o planalto ocidental, expondo-se principalmente nos rios Paranapanema, Tiête, Mogi-guaçu e Grande.
Os arenitos da Formação Botucatu interligam-se em grande escala, com os derrames da Formação Serra Geral, sendo admissível que os arenitos Botucatu não cobriram simultaneamente toda a bacia do Paraná, na qual restaram expostas áreas de rochas mais antigas, para só mais tarde serem ocultas pelas dunas, quando o foram, ou ainda podem ter sido cobertas e posteriormente expostas com o próprio processo de progressão das dunas.
Por outro lado, parece inadmissível que o vulcanismo tenha se iniciado simultaneamente em tão grande área, indicando que o fenômeno ocorreu em um intervalo aparentemente mais longo que o real, e teve duração de pelo menos 15 milhões de anos.
De tal modo é possível que em certos locais se mantenham manifestados efusões basálticas antes ou ao mesmo tempo em que, em sítios não muito afastados, ainda se acumulavam arenitos eólicos, portanto pertencentes à Formação Botucatu.
A Formação Serra Geral é recoberta em discordância angular, geralmente muito disfarçada, pelas varias formações que constituem o grupo Bauru, ou depósitos cenozóicos. Localmente a discordância se observa em afloramento, podendo ser bem acentuada, tendo mesmo levado à total erosão dos basaltos, quando aquele grupo repousa sobre rochas paleozóicas, como é o caso da região próxima a Bauru.
Em cortes da ferrovia, na subida da serra para Botucatu, pode se observar que a própria morfologia da superfície dunar foi ali preservada comprovando a contemporaneidade entre a sedimentação desértica e o vulcanismo basáltico.
fonte: www.soscuesta.org.br
28 de jan. de 2010
Transportes e vias de acesso
TRANSPORTES E VIAS DE ACESSO
A Ferrovia Bandeirantes SA (Ferroban) é a empresa ferroviária que opera a linha férrea de Botucatu e, corta o município de leste a oeste. Até 1998, as estradas de ferro pertenciam à Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), quando foi extinta e incorporada à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). No mesmo ano houve o leilão de desestatização promovido pelo Governo Federal e a Ferroban arrematou boa parte da malha ferroviária paulista durante esse processo.
Em 2006, o controle acionário* da Ferroban foi adquirido pelo Grupo América Latina Logística - ALL, que também passou a administrar outras ferrovias da Região Centro-Sul do Brasil, tornando-se a maior companhia ferroviária do País. Hoje, Botucatu faz parte da estra¬da de ferro que integra o corredor ferroviário Corumbá (MS) - Santos (SP).
Pela via férrea de Botucatu passam diversos produtos, como soja, farelo de soja, ferti¬lizantes, derivados de petróleo, açúcar, milho, entre outros.
HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ
A Hidrovia Tietê-Paraná é um sistema de navegação formado a partir de um conjunto de eclusas em cascata, unindo lagos de usinas hidrelétricas situadas nos rios Tietê e Paraná. As oito eclusas, construídas entre 1969 e 1998, tornaram navegáveis seus 2.4QO quilôme¬tros, permitindo um expressivo aumento no volume de cargas transportadas. A hidrovia liga o Estado de São Paulo - região mais rica e industrializada da América Latina - ao Centro-Oeste e o Sul do Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, constituindo, assim, a rota natural de integração do Mercosul.
Pelos terminais hidroviários instalados nas cidades de Anhembi e Conchas - ambas no Rio Tietê, distantes cerca de 200 quilômetros de São Paulo -, e Santa Maria da Serra, no Rio Piracicaba - distante 230 quilômetros -, a Hidrovia Tietê-Paraná liga o macroeixo São Paulo¬-Campinas-São José dos Carnpos-Sorocaba à cidade de Foz do Iguaçu, na divisa com Argentina e Paraguai, percorrendo uma distância de 1.642 quilômetros.
A AES Tietê é a empresa responsável pela operação e manutenção das eclusas das usinas hidrelétricas de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão e Nova Avanhandava, e pelo aprimo¬ramento da hidrovia. Com isso, permite atualmente que até 10 milhões de toneladas de car¬gas sejam transportadas pelo Rio Tietê no período de um ano. Com as eclusas, as embarcações podem transpor as barragens do médio e baixo curso do Rio Tietê, que alcançam até 30 metros de altura, e prosseguir com o transporte de cargas, integrando a Região Metropolitana de São Paulo e o entorno da Usina de Itaipu, no Paraná.
Hoje, a Hidrovia Tietê-Paraná transporta cerca de 5 milhões de toneladas anuais, por distâncias médias que variam de 15 quilômetros (pedra) a 759 quilômetros (soja), sendo 1 milhão de toneladas de cargas de médio e longo curso (soja, farelo de soja, óleos comes¬tíveis, cana-de-açúcar, milho, trigo, areia, madeira, fertilizantes e calcário agrícola).
Adaptado de Gazeta Mercantil (SP) e Gazeta Brasil, 26/4/2004.
AEROPORTO DE BOTUCATU
Localizado na Estrada Municipal Alcides Cagliari, está a 10 quilômetros ao sul dei centro urbano de Botucatu e a 268 quilômetros de distância por rodovia da capital de São Paulo. Já a distância aérea ou linear é de 223 quilômetros.
O Aeroporto de Botucatu foi inaugurado em 1942 com o nome de Nilo de Andrade, en¬tão secretário de obras do Estado de São Paulo sendo controlado pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) desde sua inauguração. Uma lei datada de 14 de maio de 1985 deu ao aeroporto o nome de Tancredo de Almeida Neves. Hoje é administrado pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).
O aeroporto possui 1.500 metros de pista asfaltada e equipamentos apropriados para operar 24 horas por dia com segurança, tais como: sinais de pista (cabeceira e eixo), luzes de cabeceira, de pista, de taxiamento e de obstáculos e farol rotativo, plenamente capacita¬do a operar aviões de médio porte como o Fokker 100, típicos da aviação regional.
Possui excelente infraestrutura*, com seis hangares, e abriga um centro de abastecimen¬to de combustível para aeronaves, aeroclube, oficina de manutenção e de reposição de peças e uma unidade montadora de aeronaves da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.).
A Unidade Botucatu da Embraer (fábrica de aeronaves) é especializada em produzir aviões pulverizadores para uso agrícola do modelo Ipanema, além de aviões turboélice bimotores do modelo Embraer-120 Brasília.
Em 2008, a média foi de 5,5 pousos e decolagens por dia com movimento de 1.175 passageiros entre embarque e desembarque.
RODOVIAS
Duas grandes rodovias estaduais são fundamentais para o município de Botucatu: as rodovias Castelo Branco (prefixo SP-280) e Marechal Rondon (prefixo SP-300).
A rodovia SP-300 atravessa o centro urbano de Botucatu. Tem seu início no município de Jundiaí e termina no município de Castilho, na divisa com o Mato Grosso do Sul, ligando municípios paulistas como Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista, Conchas, São Manuel, Lençóis Paulista, Agudos, Bauru, Pirajuí, Cafelândia, Lins, Penápolis, Araçatuba, Vai paraíso e Andradina. No trecho entre Jundiaí e Itu a SP-300 recebe o nome de Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto.
A SP-300 faz parte do Programa Estadual de Desestatização e Parcerias com a iniciati¬va privada do Governo do Estado de São Paulo. Atualmente, o trecho leste da rodovia, que passa por Bauru, Agudos e Botucatu, está sob responsabilidade do consórcio Brasinfra.
A idéia do programa de concessão é melhorar as condições do tráfego e oferecer mais segurança e conforto nos trechos concedidos às empresas (concessionárias) com capital privado, liberando os recursos do Estado para outras atividades.
Já a SP-280, que passa ao sul do município de Botucatu, encontra-se sob administra¬ção da Concessionária de Rodovias do Oeste S/A - Viaoeste.
A rodovia começa na Região Metropolitana de São Paulo e termina no entroncamento com a SP-225, em Santa Cruz do Rio Pardo. No município de Itatinga há uma interligação entre a SP-280 e a SP-300, através da Rodovia João Hipólito Martins (SP-209).
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
A Ferrovia Bandeirantes SA (Ferroban) é a empresa ferroviária que opera a linha férrea de Botucatu e, corta o município de leste a oeste. Até 1998, as estradas de ferro pertenciam à Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), quando foi extinta e incorporada à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). No mesmo ano houve o leilão de desestatização promovido pelo Governo Federal e a Ferroban arrematou boa parte da malha ferroviária paulista durante esse processo.
Em 2006, o controle acionário* da Ferroban foi adquirido pelo Grupo América Latina Logística - ALL, que também passou a administrar outras ferrovias da Região Centro-Sul do Brasil, tornando-se a maior companhia ferroviária do País. Hoje, Botucatu faz parte da estra¬da de ferro que integra o corredor ferroviário Corumbá (MS) - Santos (SP).
Pela via férrea de Botucatu passam diversos produtos, como soja, farelo de soja, ferti¬lizantes, derivados de petróleo, açúcar, milho, entre outros.
HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ
A Hidrovia Tietê-Paraná é um sistema de navegação formado a partir de um conjunto de eclusas em cascata, unindo lagos de usinas hidrelétricas situadas nos rios Tietê e Paraná. As oito eclusas, construídas entre 1969 e 1998, tornaram navegáveis seus 2.4QO quilôme¬tros, permitindo um expressivo aumento no volume de cargas transportadas. A hidrovia liga o Estado de São Paulo - região mais rica e industrializada da América Latina - ao Centro-Oeste e o Sul do Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, constituindo, assim, a rota natural de integração do Mercosul.
Pelos terminais hidroviários instalados nas cidades de Anhembi e Conchas - ambas no Rio Tietê, distantes cerca de 200 quilômetros de São Paulo -, e Santa Maria da Serra, no Rio Piracicaba - distante 230 quilômetros -, a Hidrovia Tietê-Paraná liga o macroeixo São Paulo¬-Campinas-São José dos Carnpos-Sorocaba à cidade de Foz do Iguaçu, na divisa com Argentina e Paraguai, percorrendo uma distância de 1.642 quilômetros.
A AES Tietê é a empresa responsável pela operação e manutenção das eclusas das usinas hidrelétricas de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão e Nova Avanhandava, e pelo aprimo¬ramento da hidrovia. Com isso, permite atualmente que até 10 milhões de toneladas de car¬gas sejam transportadas pelo Rio Tietê no período de um ano. Com as eclusas, as embarcações podem transpor as barragens do médio e baixo curso do Rio Tietê, que alcançam até 30 metros de altura, e prosseguir com o transporte de cargas, integrando a Região Metropolitana de São Paulo e o entorno da Usina de Itaipu, no Paraná.
Hoje, a Hidrovia Tietê-Paraná transporta cerca de 5 milhões de toneladas anuais, por distâncias médias que variam de 15 quilômetros (pedra) a 759 quilômetros (soja), sendo 1 milhão de toneladas de cargas de médio e longo curso (soja, farelo de soja, óleos comes¬tíveis, cana-de-açúcar, milho, trigo, areia, madeira, fertilizantes e calcário agrícola).
Adaptado de Gazeta Mercantil (SP) e Gazeta Brasil, 26/4/2004.
AEROPORTO DE BOTUCATU
Localizado na Estrada Municipal Alcides Cagliari, está a 10 quilômetros ao sul dei centro urbano de Botucatu e a 268 quilômetros de distância por rodovia da capital de São Paulo. Já a distância aérea ou linear é de 223 quilômetros.
O Aeroporto de Botucatu foi inaugurado em 1942 com o nome de Nilo de Andrade, en¬tão secretário de obras do Estado de São Paulo sendo controlado pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) desde sua inauguração. Uma lei datada de 14 de maio de 1985 deu ao aeroporto o nome de Tancredo de Almeida Neves. Hoje é administrado pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).
O aeroporto possui 1.500 metros de pista asfaltada e equipamentos apropriados para operar 24 horas por dia com segurança, tais como: sinais de pista (cabeceira e eixo), luzes de cabeceira, de pista, de taxiamento e de obstáculos e farol rotativo, plenamente capacita¬do a operar aviões de médio porte como o Fokker 100, típicos da aviação regional.
Possui excelente infraestrutura*, com seis hangares, e abriga um centro de abastecimen¬to de combustível para aeronaves, aeroclube, oficina de manutenção e de reposição de peças e uma unidade montadora de aeronaves da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.).
A Unidade Botucatu da Embraer (fábrica de aeronaves) é especializada em produzir aviões pulverizadores para uso agrícola do modelo Ipanema, além de aviões turboélice bimotores do modelo Embraer-120 Brasília.
Em 2008, a média foi de 5,5 pousos e decolagens por dia com movimento de 1.175 passageiros entre embarque e desembarque.
RODOVIAS
Duas grandes rodovias estaduais são fundamentais para o município de Botucatu: as rodovias Castelo Branco (prefixo SP-280) e Marechal Rondon (prefixo SP-300).
A rodovia SP-300 atravessa o centro urbano de Botucatu. Tem seu início no município de Jundiaí e termina no município de Castilho, na divisa com o Mato Grosso do Sul, ligando municípios paulistas como Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista, Conchas, São Manuel, Lençóis Paulista, Agudos, Bauru, Pirajuí, Cafelândia, Lins, Penápolis, Araçatuba, Vai paraíso e Andradina. No trecho entre Jundiaí e Itu a SP-300 recebe o nome de Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto.
A SP-300 faz parte do Programa Estadual de Desestatização e Parcerias com a iniciati¬va privada do Governo do Estado de São Paulo. Atualmente, o trecho leste da rodovia, que passa por Bauru, Agudos e Botucatu, está sob responsabilidade do consórcio Brasinfra.
A idéia do programa de concessão é melhorar as condições do tráfego e oferecer mais segurança e conforto nos trechos concedidos às empresas (concessionárias) com capital privado, liberando os recursos do Estado para outras atividades.
Já a SP-280, que passa ao sul do município de Botucatu, encontra-se sob administra¬ção da Concessionária de Rodovias do Oeste S/A - Viaoeste.
A rodovia começa na Região Metropolitana de São Paulo e termina no entroncamento com a SP-225, em Santa Cruz do Rio Pardo. No município de Itatinga há uma interligação entre a SP-280 e a SP-300, através da Rodovia João Hipólito Martins (SP-209).
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
A expansão urbana durante a cafeicultura
A EXPANSÃO URBANA DURANTE A CAFEICULTURA
A cidade de Botucatu se desenvolveu lentamente ao longo do Ribeirão Lavapés, mas talvez o período de maior transformação urbana tenha ocorrido durante a expansão da cultura do café.
Com a economia crescente e investimentos incessantes na produção agrícola e na ferrovia, a população aumenta de¬vido à oferta de empregos. A cidade pulsa e a expansão urbana logo se faz necessária, com o surgimento da elite cafeeira e dos assalariados (muitos imigrantes). Os hábitos e modos de vida urbanos ampliam-se e a cidade se remodela ainda mais com a Proclamação da República. A renovação política logo se refletiria na arquitetura e no planejamento urbano da cidade.
Em 1907, chega a luz elétrica em Botucatu; logo a água encanada também começa a se expandir pela cidade, edifí¬cios são demolidos, outros surgem, jardins são construídos e o sistema viário passa por uma reformulação.
Essas transformações foram retratadas no texto abaixo, retirado do Informativo nQ 04 Dezembro/Janeiro de 2008 do Projeto Ribeirão Tanquinho Vivo, no qual o historiador João Carlos Figueiroa teceu um breve histórico da expansão urbana em Botucatu:
"Por volta de 1866 a Igreja Matriz foi transferida da Praça Paratodos para o oeste da cidade, para o altiplano, onde hoje está a Av. Dom Lúcio, e com ela, outros aparelhamentos urbanos foram edificados nesta localidade, como o Cemitério, a Câmara Municipal e a Cadeia, que na época ocupavam o mesmo prédio (onde hoje é o Tênis Clube). Assim, até o final do século, aquela região do município já contava com importante adensamento urbano, abrigando a Igreja Matriz, a Câmara e Cadeia, o enorme Jardim Público entre as ruas Monsenhor Ferrari e Leônidas Cardoso e as casas mais bonitas, construídas ao longo das ruas Dr. Cardoso de Almeida e Dr. Costa Leite. Em 1897, foi inaugurado o Grupo Escolar Cardoso de Almeida e depois dele, dois importantes projetos ligados à igreja ocuparam a Rua Dr. Costa Leite: a Santa Casa de Misericórdia (1901) e o Seminário onde hoje é o Colégio La Salle (1911). Em seguida vieram o Colégio Santa Marcelina (1912) e o Palácio Epis¬copal (1917), que incentivaram a ocupação do solo do vale do Ribeirão Tanquinho."
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
A cidade de Botucatu se desenvolveu lentamente ao longo do Ribeirão Lavapés, mas talvez o período de maior transformação urbana tenha ocorrido durante a expansão da cultura do café.
Com a economia crescente e investimentos incessantes na produção agrícola e na ferrovia, a população aumenta de¬vido à oferta de empregos. A cidade pulsa e a expansão urbana logo se faz necessária, com o surgimento da elite cafeeira e dos assalariados (muitos imigrantes). Os hábitos e modos de vida urbanos ampliam-se e a cidade se remodela ainda mais com a Proclamação da República. A renovação política logo se refletiria na arquitetura e no planejamento urbano da cidade.
Em 1907, chega a luz elétrica em Botucatu; logo a água encanada também começa a se expandir pela cidade, edifí¬cios são demolidos, outros surgem, jardins são construídos e o sistema viário passa por uma reformulação.
Essas transformações foram retratadas no texto abaixo, retirado do Informativo nQ 04 Dezembro/Janeiro de 2008 do Projeto Ribeirão Tanquinho Vivo, no qual o historiador João Carlos Figueiroa teceu um breve histórico da expansão urbana em Botucatu:
"Por volta de 1866 a Igreja Matriz foi transferida da Praça Paratodos para o oeste da cidade, para o altiplano, onde hoje está a Av. Dom Lúcio, e com ela, outros aparelhamentos urbanos foram edificados nesta localidade, como o Cemitério, a Câmara Municipal e a Cadeia, que na época ocupavam o mesmo prédio (onde hoje é o Tênis Clube). Assim, até o final do século, aquela região do município já contava com importante adensamento urbano, abrigando a Igreja Matriz, a Câmara e Cadeia, o enorme Jardim Público entre as ruas Monsenhor Ferrari e Leônidas Cardoso e as casas mais bonitas, construídas ao longo das ruas Dr. Cardoso de Almeida e Dr. Costa Leite. Em 1897, foi inaugurado o Grupo Escolar Cardoso de Almeida e depois dele, dois importantes projetos ligados à igreja ocuparam a Rua Dr. Costa Leite: a Santa Casa de Misericórdia (1901) e o Seminário onde hoje é o Colégio La Salle (1911). Em seguida vieram o Colégio Santa Marcelina (1912) e o Palácio Epis¬copal (1917), que incentivaram a ocupação do solo do vale do Ribeirão Tanquinho."
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
A formação do território
A FORMAÇÃO TERRITORIAL DE BOTUCATU
Quando os colonizadores adentraram o "sertão paulista" rumo ao noroeste, depararam com os indígenas Caingangue, na região onde hoje está assentado o município de Botucatu. Apelidados pelo homem branco de Coroado (devido ao corte de cabelo que usavam, que dava a aparência de uma coroa), foram ferozes defensores da terra, travando embates violentos com os habitantes da Vila de Botucatu e cercanias em meados do século XIX. No passado, coube à grande parte dos indígenas a escravidão e o extermínio impostos pelos bandeirantes, mas muitos foram catequizados e aculturados pela Companhia de Jesus.
A ocupação do território na região de Botucatu começa efetivamente com o estabeleci¬mento das fazendas de gado jesuíticas denominadas Guareí e Botucatu, por volta de 1720. Com o crescimento da exploração de ouro em Mato Grosso, essas fazendas serviram de paragem para as tropas de muares que rumavam em direção às minas de Cuiabá.
A iniciativa jesuítica é considerada pioneira na fixação do povoamento nesta parte do sertão paulista. Segundo o historiador João Carlos Figueroa, as fazendas ganharam impor¬tância " ... pelo seu papel no desenvolvimento econômico da região, que por esse tempo era considerada fronteira de ocupação".
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, engendrada pelo marquês de Pombal em 1759, a economia paulista entra em declínio - a ausência dos catequistas, força motora e em¬preendedora da economia paulista, faz a expansão territorial enfraquecer.
Em 1771, com a abertura de um novo caminho entre Sorocaba e o Forte iguatemi (Paraná), passando necessariamente pela Serra de Botucatu, a região ficou conhecida como Campo do Paiol, um ponto estratégico para os tropeiros e suas tropas de muares. Essa condição de pouso de tropeiros foi cada vez mais se intensificando pela expansão do plantio da cana-de-açúcar.
Por volta de 1830 é iniciada a ocupação das terras do alto da Serra de Botucatu (na épo¬ca conhecida como Serra de Santo Ignácio), onde outrora existia uma antiga fazenda jesuítica. A ocupação foi feita através da prática da agricultura e da criação de gado e em 1835 a popu¬lação já era de aproximadamente 345 habitantes.
Diante do crescimento populacional e atendendo aos anseios dos habitantes desse pro¬missor povoado, o Governo Provincial paulista cria, em 1846, através da Lei n° 283, a fre¬guesia Sant'anna de Botucatu ou a freguesia do distrito de Cimo da Serra de Botucatu, ligada ao município de Itapetininga.
Menos de uma década depois, em 1855, o Governo Provincial eleva a freguesia de Botucatu à condição de vila, desmembrando-a de Itapetininga. A partir daí, Botucatu passa a ter certa autonomia na província de São Paulo.
Entre 1857 e 1859 definiram-se as fronteiras de Botucatu da seguinte forma:
• ao norte - tinha como limite natural o Rio Tietê;
• ao sul - fazia limite com a Vila de Tatuí e a Vila de Itapeva da Faxina;
• ao leste - limitada pela cidade de Porto Feliz;
• a oeste - uma ampla área (o noroeste paulista) limitada pelo Rio Paraná, na divisa do atual Estado de Mato Grosso do Sul, e pelo Rio Paranapanema, na divisa do atual Estado do Paraná.
Observação: entre 1865 e 1959 Botucatu passou por vários desmembramentos territoriais (ver p. 45).
Em 1860 surgem as primeiras fazendas cafeicultoras em Botucatu. Elas e suas ativida¬des trouxeram desenvolvimento econômico e crescimento populacional sem precedentes ao município. Antes disso, além dos pequenos plantios de café localizados no alto da Serra de Botucatu, a base econômica resumia-se a poucos currais de muares e à agricultura de subsistência de milho e mandioca.
Com o café logo chega a ferrovia, meio de transporte ideal e "oficial" para escoar a rica produção cafeeira para o mundo, através do Porto de Santos. Nesse momento, o plantio do café dominava a maior parte das terras agrícolas da província de São Paulo.
Botucatu participa, portanto, da fase econômica brasileira conhecida como Ciclo do Café, e testemunha o surgimento dos barões do café e da elite cafeicultora, bem como o cresci¬mento urbano e populacional, expandindo e remodelando a cidade. Havia necessidade de milhares de trabalhadores para construir, fazer a manutenção e operar as ferrovias (Estrada de Ferro Sorocabana e Companhia Ituana de Estradas de Ferro), erguer novas casas, rasgar novas ruas, conservar os serviços públicos e mantê-los em funcionamento, entre outros. Com isso, Botucatu passa por profundas transformações estruturais ao longo desse período.
Contudo, a crise econômica mundial de 1929 abateu substancialmente os produtores de café. Sem ter para quem vender o produto, os cafeicultores abandonam ou vendem suas propriedades, criando uma massa de trabalhadores rurais sem emprego. As ferrovias não têm o que transportar e definham. O interior paulista entra em estagnação econômica e parte da população migra para os grandes centros urbanos, onde o surto industrial alavanca o mer¬cado de trabalho.
A geografia agrária se modifica. Muitos ficaram, agora com as grandes propriedades rurais fragmentadas; alguns insistiram no plantio do café e do algodão. Porém a pecuária foi a atividade econômica que aos poucos reergueu o município de Botucatu, entre 1940 a 1970.
Em 1973, o Governo Federal implanta o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, cujo - devido à crise do petróleo - era a substituição da gasolina automotiva por álcool u etanol. A cultura de cana-de-açúcar ganha força e começa a mudar visivelmente a m, especialmente na década de 1980.
sa mudança de paradigma influenciou bastante o desenvolvimento econômico de u, haja vista que hoje a cana-de-açúcar é uma das principais culturas agrícolas do io, juntamente com a laranja.
mo se pôde perceber, a formação territorial de qualquer cidade está intrinsecamente geografia do lugar, suas atividades econômicas e à história de sua povoação.
OS CAMINHOS DE BOTUCATU
Antigamente, durante a colonização do Brasil, quando nenhuma estrada tinha sido aberta, modo de deslocar-se sobre o território era abrindo picadas em meio à densa floresta ou utilizar os antigos caminhos dos indígenas. Outra forma era aproveitar os rios para o sertão brasileiro.
ucatu, por sua privilegiada localização geográfica, entre a capital da província de São s minas de Cuiabá, e por sua proximidade com o Rio Tietê e áreas de pastagens (Campo , torna-se um local de apoio e referência para os viajantes (sertanistas, bandeirantes, aventureiros, monçoneiros e tropeiros). O município fica conhecido como a "Boca do Sertão" e é por muitos anos considerado a fronteira de ocupação do oeste brasileiro, ponto de partida que levaria além do Meridiano de Tordesilhas (o Tratado de Tordesilhas, celebrado entre portugue¬ses e espanhóis, dividia as terras americanas em dois blocos separados por este meridiano: a parte a oeste para os espanhóis e a outra para os portugueses).
O primeiro caminho de que se tem notícia na Serra de Botucatu foi o caminho Peabiru, ligando a região de São Paulo ao Peru, passando pelo Paraguai e pela Bolívia. Posteriormen¬te, no início do século XVII, essa trilha foi utilizada para alcançar as Missões Jesuíticas Guarani, na província do Guairá.
Outro caminho que se destaca na história de Botucatu foi construído a mando do go¬vernador da Capitania de São Paulo, o capitão-general Luís Antônio de Souza Botelho e Mouriio, o morgado de Mateus. Com o objetivo de reforçar a defesa da capitania, colocando-a em condições de repelir qualquer investida espanhola sobre as conquistas territoriais da Coroa Portuguesa, abriu-se o Caminho do Iguatemi, que levava ao forte do mesmo nome e rumava implacavelmente para o oeste, alcançando o território do então Mato Grosso do Sul, além do Rio Paraná, na divisa com o Paraguai.
Assim, segundo Hernâni Donato, escritor e historiador botucatuense, o morgado de Mateus fez entender que o Caminho de Iguatemi deveria ser da seguinte forma: " ... a vereda que se deve seguir é entrar pela Serra de Botucatu onde tenha maior comodidade e dai
botar o agulhão em ponto fixo na barra do Rio Pardo, e aí cortando o sertão, bem pelo meio da campanha entre os dois rios, Paranapanema e Tietê, fugindo sempre de avizinhar dos matos e pantanais que ambos têm por toda sua margem ... ".
Contudo, devido às dificuldades encontradas pela Capitania de São Paulo, foi o capitão-mor José de Almeida Leme, com sua fortuna particular, quem construiu esta estrada em 1771, ligando a Vila de Sorocaba à Colônia Militar de Iguatemi (presídio e forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi).
Os bandeirantes também utilizaram Botucatu como ponto de paragem enquanto adentravam o sertão oeste para capturar indígenas para mão de obra escrava, erradicar nações indígenas hostis e encontrar pedras e metais preciosos.
O Rio Tietê, que atualmente passa pelo norte do município de Botucatu, também foi utilizado como caminho para o oeste. Apesar de a via fluvial não ser o caminho preferencial dos bandeirantes, o historia¬dor Oscar D'Ambrosio cita, em seu livro Porto Feliz: terra das monções: "Chamado pelos índios de Rio Anhembi, o Tietê teve grande importância histórica como via de penetração de povoamento, ao servir de caminho para as Bandeiras e Entradas nos séculos XVI e XVII".
Já com o movimento das monções - substituto gradual do bandeirantismo -, que partiam de Porto Feliz entre os séculos XVII e XVIII, o Rio Tietê torna-se a via única para os monçoneiros alcançarem as minas de ouro de Cuiabá.
A partir de 1770, tropas e tropeiros surgem em grande escala, devido à retomada da produção de cana-de-açúcar. Vastas terras do noroeste da Capitania de São Paulo são utilizadas. Botucatu, na rota dos tropeiros, entre o Porto de Santos e as áreas produtivas, torna-se importante pouso para paragem e
reabastecimento das tropas (pastagem para os muares e descanso seguro para os tropeiros). Nessa época, toda produção de cana e de produtos oriun¬dos da metrópole portuguesa era conduzida nos lombos das mulas, a única forma possível de transporte terrestre "rápido" na época.
Botucatu também era ponto de apoio importante na trama de trilhas tropeiras que varavam a região Sul do País.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Quando os colonizadores adentraram o "sertão paulista" rumo ao noroeste, depararam com os indígenas Caingangue, na região onde hoje está assentado o município de Botucatu. Apelidados pelo homem branco de Coroado (devido ao corte de cabelo que usavam, que dava a aparência de uma coroa), foram ferozes defensores da terra, travando embates violentos com os habitantes da Vila de Botucatu e cercanias em meados do século XIX. No passado, coube à grande parte dos indígenas a escravidão e o extermínio impostos pelos bandeirantes, mas muitos foram catequizados e aculturados pela Companhia de Jesus.
A ocupação do território na região de Botucatu começa efetivamente com o estabeleci¬mento das fazendas de gado jesuíticas denominadas Guareí e Botucatu, por volta de 1720. Com o crescimento da exploração de ouro em Mato Grosso, essas fazendas serviram de paragem para as tropas de muares que rumavam em direção às minas de Cuiabá.
A iniciativa jesuítica é considerada pioneira na fixação do povoamento nesta parte do sertão paulista. Segundo o historiador João Carlos Figueroa, as fazendas ganharam impor¬tância " ... pelo seu papel no desenvolvimento econômico da região, que por esse tempo era considerada fronteira de ocupação".
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, engendrada pelo marquês de Pombal em 1759, a economia paulista entra em declínio - a ausência dos catequistas, força motora e em¬preendedora da economia paulista, faz a expansão territorial enfraquecer.
Em 1771, com a abertura de um novo caminho entre Sorocaba e o Forte iguatemi (Paraná), passando necessariamente pela Serra de Botucatu, a região ficou conhecida como Campo do Paiol, um ponto estratégico para os tropeiros e suas tropas de muares. Essa condição de pouso de tropeiros foi cada vez mais se intensificando pela expansão do plantio da cana-de-açúcar.
Por volta de 1830 é iniciada a ocupação das terras do alto da Serra de Botucatu (na épo¬ca conhecida como Serra de Santo Ignácio), onde outrora existia uma antiga fazenda jesuítica. A ocupação foi feita através da prática da agricultura e da criação de gado e em 1835 a popu¬lação já era de aproximadamente 345 habitantes.
Diante do crescimento populacional e atendendo aos anseios dos habitantes desse pro¬missor povoado, o Governo Provincial paulista cria, em 1846, através da Lei n° 283, a fre¬guesia Sant'anna de Botucatu ou a freguesia do distrito de Cimo da Serra de Botucatu, ligada ao município de Itapetininga.
Menos de uma década depois, em 1855, o Governo Provincial eleva a freguesia de Botucatu à condição de vila, desmembrando-a de Itapetininga. A partir daí, Botucatu passa a ter certa autonomia na província de São Paulo.
Entre 1857 e 1859 definiram-se as fronteiras de Botucatu da seguinte forma:
• ao norte - tinha como limite natural o Rio Tietê;
• ao sul - fazia limite com a Vila de Tatuí e a Vila de Itapeva da Faxina;
• ao leste - limitada pela cidade de Porto Feliz;
• a oeste - uma ampla área (o noroeste paulista) limitada pelo Rio Paraná, na divisa do atual Estado de Mato Grosso do Sul, e pelo Rio Paranapanema, na divisa do atual Estado do Paraná.
Observação: entre 1865 e 1959 Botucatu passou por vários desmembramentos territoriais (ver p. 45).
Em 1860 surgem as primeiras fazendas cafeicultoras em Botucatu. Elas e suas ativida¬des trouxeram desenvolvimento econômico e crescimento populacional sem precedentes ao município. Antes disso, além dos pequenos plantios de café localizados no alto da Serra de Botucatu, a base econômica resumia-se a poucos currais de muares e à agricultura de subsistência de milho e mandioca.
Com o café logo chega a ferrovia, meio de transporte ideal e "oficial" para escoar a rica produção cafeeira para o mundo, através do Porto de Santos. Nesse momento, o plantio do café dominava a maior parte das terras agrícolas da província de São Paulo.
Botucatu participa, portanto, da fase econômica brasileira conhecida como Ciclo do Café, e testemunha o surgimento dos barões do café e da elite cafeicultora, bem como o cresci¬mento urbano e populacional, expandindo e remodelando a cidade. Havia necessidade de milhares de trabalhadores para construir, fazer a manutenção e operar as ferrovias (Estrada de Ferro Sorocabana e Companhia Ituana de Estradas de Ferro), erguer novas casas, rasgar novas ruas, conservar os serviços públicos e mantê-los em funcionamento, entre outros. Com isso, Botucatu passa por profundas transformações estruturais ao longo desse período.
Contudo, a crise econômica mundial de 1929 abateu substancialmente os produtores de café. Sem ter para quem vender o produto, os cafeicultores abandonam ou vendem suas propriedades, criando uma massa de trabalhadores rurais sem emprego. As ferrovias não têm o que transportar e definham. O interior paulista entra em estagnação econômica e parte da população migra para os grandes centros urbanos, onde o surto industrial alavanca o mer¬cado de trabalho.
A geografia agrária se modifica. Muitos ficaram, agora com as grandes propriedades rurais fragmentadas; alguns insistiram no plantio do café e do algodão. Porém a pecuária foi a atividade econômica que aos poucos reergueu o município de Botucatu, entre 1940 a 1970.
Em 1973, o Governo Federal implanta o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, cujo - devido à crise do petróleo - era a substituição da gasolina automotiva por álcool u etanol. A cultura de cana-de-açúcar ganha força e começa a mudar visivelmente a m, especialmente na década de 1980.
sa mudança de paradigma influenciou bastante o desenvolvimento econômico de u, haja vista que hoje a cana-de-açúcar é uma das principais culturas agrícolas do io, juntamente com a laranja.
mo se pôde perceber, a formação territorial de qualquer cidade está intrinsecamente geografia do lugar, suas atividades econômicas e à história de sua povoação.
OS CAMINHOS DE BOTUCATU
Antigamente, durante a colonização do Brasil, quando nenhuma estrada tinha sido aberta, modo de deslocar-se sobre o território era abrindo picadas em meio à densa floresta ou utilizar os antigos caminhos dos indígenas. Outra forma era aproveitar os rios para o sertão brasileiro.
ucatu, por sua privilegiada localização geográfica, entre a capital da província de São s minas de Cuiabá, e por sua proximidade com o Rio Tietê e áreas de pastagens (Campo , torna-se um local de apoio e referência para os viajantes (sertanistas, bandeirantes, aventureiros, monçoneiros e tropeiros). O município fica conhecido como a "Boca do Sertão" e é por muitos anos considerado a fronteira de ocupação do oeste brasileiro, ponto de partida que levaria além do Meridiano de Tordesilhas (o Tratado de Tordesilhas, celebrado entre portugue¬ses e espanhóis, dividia as terras americanas em dois blocos separados por este meridiano: a parte a oeste para os espanhóis e a outra para os portugueses).
O primeiro caminho de que se tem notícia na Serra de Botucatu foi o caminho Peabiru, ligando a região de São Paulo ao Peru, passando pelo Paraguai e pela Bolívia. Posteriormen¬te, no início do século XVII, essa trilha foi utilizada para alcançar as Missões Jesuíticas Guarani, na província do Guairá.
Outro caminho que se destaca na história de Botucatu foi construído a mando do go¬vernador da Capitania de São Paulo, o capitão-general Luís Antônio de Souza Botelho e Mouriio, o morgado de Mateus. Com o objetivo de reforçar a defesa da capitania, colocando-a em condições de repelir qualquer investida espanhola sobre as conquistas territoriais da Coroa Portuguesa, abriu-se o Caminho do Iguatemi, que levava ao forte do mesmo nome e rumava implacavelmente para o oeste, alcançando o território do então Mato Grosso do Sul, além do Rio Paraná, na divisa com o Paraguai.
Assim, segundo Hernâni Donato, escritor e historiador botucatuense, o morgado de Mateus fez entender que o Caminho de Iguatemi deveria ser da seguinte forma: " ... a vereda que se deve seguir é entrar pela Serra de Botucatu onde tenha maior comodidade e dai
botar o agulhão em ponto fixo na barra do Rio Pardo, e aí cortando o sertão, bem pelo meio da campanha entre os dois rios, Paranapanema e Tietê, fugindo sempre de avizinhar dos matos e pantanais que ambos têm por toda sua margem ... ".
Contudo, devido às dificuldades encontradas pela Capitania de São Paulo, foi o capitão-mor José de Almeida Leme, com sua fortuna particular, quem construiu esta estrada em 1771, ligando a Vila de Sorocaba à Colônia Militar de Iguatemi (presídio e forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi).
Os bandeirantes também utilizaram Botucatu como ponto de paragem enquanto adentravam o sertão oeste para capturar indígenas para mão de obra escrava, erradicar nações indígenas hostis e encontrar pedras e metais preciosos.
O Rio Tietê, que atualmente passa pelo norte do município de Botucatu, também foi utilizado como caminho para o oeste. Apesar de a via fluvial não ser o caminho preferencial dos bandeirantes, o historia¬dor Oscar D'Ambrosio cita, em seu livro Porto Feliz: terra das monções: "Chamado pelos índios de Rio Anhembi, o Tietê teve grande importância histórica como via de penetração de povoamento, ao servir de caminho para as Bandeiras e Entradas nos séculos XVI e XVII".
Já com o movimento das monções - substituto gradual do bandeirantismo -, que partiam de Porto Feliz entre os séculos XVII e XVIII, o Rio Tietê torna-se a via única para os monçoneiros alcançarem as minas de ouro de Cuiabá.
A partir de 1770, tropas e tropeiros surgem em grande escala, devido à retomada da produção de cana-de-açúcar. Vastas terras do noroeste da Capitania de São Paulo são utilizadas. Botucatu, na rota dos tropeiros, entre o Porto de Santos e as áreas produtivas, torna-se importante pouso para paragem e
reabastecimento das tropas (pastagem para os muares e descanso seguro para os tropeiros). Nessa época, toda produção de cana e de produtos oriun¬dos da metrópole portuguesa era conduzida nos lombos das mulas, a única forma possível de transporte terrestre "rápido" na época.
Botucatu também era ponto de apoio importante na trama de trilhas tropeiras que varavam a região Sul do País.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Plano diretor
PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO
Elaborado pelo poder Executivo municipal, discutido e aprovado pelo poder Legislativo da cidade através da lei Complementar nº 0483, publicada em 06 de junho de 2007, que institui o Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Integrado do Município de Botucatu.
Com o Plano Diretor, o município é administrado de forma harmoniosa, já que foram helectdns regras, deveres e direitos a todas as esferas da sociedade, com o objetivo de mvolver a cidade social e economicamente, sem perder a qualidade ambiental. Mas o que o Plano Diretor?
Plano Diretor Municipal é o instrumento básico de política e planejamento de uma cidaara o desenvolvimento sustentável* do meio ambiente urbano e rural, garantindo tamas funções sociais da propriedade e dos interesses do município. Orienta a política municipal de desenvolvimento, ordenamento territorial e expansão urbana. Basicamente, po¬os definir o Plano Diretor como a lei "da cidade que queremos". Portanto, é necessário toda população e outros poderes existentes no município conheçam o Plano Diretor, pois é ele que definirá o rumo do município de Botucatu e todos devem participar da construção uturo da cidade.
O artigo 3º do Plano Diretor de Botucatu, reproduzido abaixo, demonstra as reais preocupações e planos do Poder Público municipal em relação ao futuro de Botucatu:
Art. 3º. As políticas e normas explicitadas nesta Lei Complementar têm por fim realizar eno desenvolvimento das funções sociais do município e da propriedade, o uso socialte justo e ecologicamente equilibrado de seu território, de forma a assegurar o bem-estar a seus habitantes e democratizar o acesso a bens e serviços, tendo as seguintes diretrizes:
I - promoção da qualidade de vida e do ambiente;
II - direcionamento dos gastos públicos para que beneficiem o maior número de
cidadãos, reduzindo as desigualdades e a exclusão social;
III - promoção da inclusão social, compreendida pela oportunidade de acesso a bens,
liços e políticas sociais, trabalho e renda a todos os munícipes;
IV - preservação e recuperação da identidade cultural, compreendida pelo patrimônio
ural, ambiental e pelas formas de convívio da comunidade;
V - promoção do cumprimento da função social da propriedade;
VI - promoção da gestão democrática da cidade e do campo;
VII - potencialização dos recursos naturais, materiais, humanos e outros existentes no ucipio, públicos e privados, mediante o planejamento conjunto de sua utilização e desenvolvimento sustentável.
MACROZONEAMENTO MUNICIPAL
Com esse objetivo de atender as necessidades do município, a Prefeitura de Botucatu iorou, dentro do Plano Diretor, ferramentas essenciais para o controle do espaço territorial município. Umas dessas ferramentas é o macrozoneamento municipal.
O macrozoneamento municipal consiste na divisão do território do município em parce¬nas quais se regulamentam determinadas atividades, tendo como referência as características dos ambientes natural e construído, com o objetivo de ordenar a ocupação do solo, adequando-a à topografia e à infraestrutura existente.
O macrozoneamento municipal cria uma divisão territorial em zonas de uso e ocupação do solo mais homogênea, com características e objetivos em comum, resumidos logo abaixo do artigo 13º da lei que institui o Plano Diretor no município:
I - Macrozona Urbana de Adensamento Prioritário (Muap): refere-se às áreas de urba¬nização consolidada, dotadas de infraestrutura adequada à ocupação com alta densidade;
11 - Macrozona Urbana de Adensamento Secundário (Muas): refere-se às áreas de urbanização de média densidade;
111 - Macrozona Urbana de Baixa Densidade (MUBD): refere-se às áreas de transição entre as áreas urbanas densas e a zona rural;
IV - Macrozona de Uso Rururbano (MUR): refere-se às áreas com restrições, pela fragilidade do meio natural ou pela ausência de infraestrutura próxima, onde será permitido o parcelamento através de empreendimentos submetidos a análise e aprovação da Prefeitura;
V - Macrozona de Atenção Ambiental (MAA): refere-se às áreas especialmente frágeis da cuesta, nas vizinhanças da cidade, ao redor de algumas das cachoeiras com maior po¬tencial turístico do município e com grande risco de erosões, onde não será permitido o parcelamento, e toda edificação deverá passar por análise e aprovação da Prefeitura;
VI - Macrozona de Uso Rural (MUR): refere-se às áreas destinadas à produção agropecuária em geral, podendo ocorrer o uso turístico, desde que incluído na delimitação de Zona Especial de Interesse Turístico (Zeitur), respeitadas as restrições expressas na legis¬lação ambiental federal, estadual e municipal;
VII - Macrozona de Uso Rural Sustentável (MURS): semelhante à Macrozona de Uso Rural (MUR), porém deverão ser priorizadas as políticas de averbação e planejamento de reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APP), assim como as políticas de proteção e recuperação do solo.
ZONEAMENTO URBANO
• zonas estritamente residenciais: áreas exclusivamente voltadas à ocupação de moradias;
• zonas predominantemente residenciais: áreas onde o uso residencial deve ser privilegiado, assim como a arborização e a permeabilidade do solo, permitindo-se usos não residenciais, desde que não incômodos;
• zonas centrais ou predominantemente comerciais: centro da cidade, centros de bairro, corredores com predominância de usos diversificados;
• zonas mistas: áreas onde é permitido o uso residencial e comercial ocupando o mesmo perímetro, a mesma zona, estabelecendo regras para evitar conflitos de uso e ocupação da zona; • zonas industriais: áreas com fácil acesso para veículos pesados, adequadas à urbanização e à instalação de indústrias;
• zonas especiais: compreendem áreas que são passíveiS de tratamento diferencia¬do, de acordo com parâmetros reguladores do uso e ocupação do solo, definidos em leis específicas, devidamente mapeadas, em face ao desenvolvimento do município.
DESMEMBRAMENTO DE BOTUCATU
O desmembramento territorial, procedimento de parcelamento de solo, servia para criar novas áreas de povoamentos e permitir o melhor controle da terra e ações de desenvolvimento.
Territórios extensos eram difíceis de gerenciar e muitas áreas ficavam sem intervenção administrativa (abandonadas), por falta de recursos humanos e financeiros. Assim, os desmembramentos 11111 para o desenvolvimento de São Paulo, pois eram criados centros administrativos (vilas e cidades) que intercederiam diretamente naquela porção de terra recém-formada.
HISTÓRICO DO DESMEMBRAMENTO DE BOTUCATU
Por volta de 1835 já estava formado o antigo povoado de Nossa Senhora das Dores da Serra de Botucatu, assentado nas terras que então pertenciam a Itapetininga.
(Ia Lei nº 233, de 19 de fevereiro de 1346, a província de São Paulo concede ao referido povoado de Botucatu a condição de freguesia, vinculada a Itapetininga. Passados nove 1110 provincial eleva Botucatu à condição de vila por meio da Lei n° 506, de 14 de abril de 1355, desvinculando-a de Itapetininga.
Em 1873 Botucatu recebe foros de cidade. Daí até 1959 cede várias partes do seu território para a criação de outros municípios, chegando à configuração espacial atual.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Elaborado pelo poder Executivo municipal, discutido e aprovado pelo poder Legislativo da cidade através da lei Complementar nº 0483, publicada em 06 de junho de 2007, que institui o Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Integrado do Município de Botucatu.
Com o Plano Diretor, o município é administrado de forma harmoniosa, já que foram helectdns regras, deveres e direitos a todas as esferas da sociedade, com o objetivo de mvolver a cidade social e economicamente, sem perder a qualidade ambiental. Mas o que o Plano Diretor?
Plano Diretor Municipal é o instrumento básico de política e planejamento de uma cidaara o desenvolvimento sustentável* do meio ambiente urbano e rural, garantindo tamas funções sociais da propriedade e dos interesses do município. Orienta a política municipal de desenvolvimento, ordenamento territorial e expansão urbana. Basicamente, po¬os definir o Plano Diretor como a lei "da cidade que queremos". Portanto, é necessário toda população e outros poderes existentes no município conheçam o Plano Diretor, pois é ele que definirá o rumo do município de Botucatu e todos devem participar da construção uturo da cidade.
O artigo 3º do Plano Diretor de Botucatu, reproduzido abaixo, demonstra as reais preocupações e planos do Poder Público municipal em relação ao futuro de Botucatu:
Art. 3º. As políticas e normas explicitadas nesta Lei Complementar têm por fim realizar eno desenvolvimento das funções sociais do município e da propriedade, o uso socialte justo e ecologicamente equilibrado de seu território, de forma a assegurar o bem-estar a seus habitantes e democratizar o acesso a bens e serviços, tendo as seguintes diretrizes:
I - promoção da qualidade de vida e do ambiente;
II - direcionamento dos gastos públicos para que beneficiem o maior número de
cidadãos, reduzindo as desigualdades e a exclusão social;
III - promoção da inclusão social, compreendida pela oportunidade de acesso a bens,
liços e políticas sociais, trabalho e renda a todos os munícipes;
IV - preservação e recuperação da identidade cultural, compreendida pelo patrimônio
ural, ambiental e pelas formas de convívio da comunidade;
V - promoção do cumprimento da função social da propriedade;
VI - promoção da gestão democrática da cidade e do campo;
VII - potencialização dos recursos naturais, materiais, humanos e outros existentes no ucipio, públicos e privados, mediante o planejamento conjunto de sua utilização e desenvolvimento sustentável.
MACROZONEAMENTO MUNICIPAL
Com esse objetivo de atender as necessidades do município, a Prefeitura de Botucatu iorou, dentro do Plano Diretor, ferramentas essenciais para o controle do espaço territorial município. Umas dessas ferramentas é o macrozoneamento municipal.
O macrozoneamento municipal consiste na divisão do território do município em parce¬nas quais se regulamentam determinadas atividades, tendo como referência as características dos ambientes natural e construído, com o objetivo de ordenar a ocupação do solo, adequando-a à topografia e à infraestrutura existente.
O macrozoneamento municipal cria uma divisão territorial em zonas de uso e ocupação do solo mais homogênea, com características e objetivos em comum, resumidos logo abaixo do artigo 13º da lei que institui o Plano Diretor no município:
I - Macrozona Urbana de Adensamento Prioritário (Muap): refere-se às áreas de urba¬nização consolidada, dotadas de infraestrutura adequada à ocupação com alta densidade;
11 - Macrozona Urbana de Adensamento Secundário (Muas): refere-se às áreas de urbanização de média densidade;
111 - Macrozona Urbana de Baixa Densidade (MUBD): refere-se às áreas de transição entre as áreas urbanas densas e a zona rural;
IV - Macrozona de Uso Rururbano (MUR): refere-se às áreas com restrições, pela fragilidade do meio natural ou pela ausência de infraestrutura próxima, onde será permitido o parcelamento através de empreendimentos submetidos a análise e aprovação da Prefeitura;
V - Macrozona de Atenção Ambiental (MAA): refere-se às áreas especialmente frágeis da cuesta, nas vizinhanças da cidade, ao redor de algumas das cachoeiras com maior po¬tencial turístico do município e com grande risco de erosões, onde não será permitido o parcelamento, e toda edificação deverá passar por análise e aprovação da Prefeitura;
VI - Macrozona de Uso Rural (MUR): refere-se às áreas destinadas à produção agropecuária em geral, podendo ocorrer o uso turístico, desde que incluído na delimitação de Zona Especial de Interesse Turístico (Zeitur), respeitadas as restrições expressas na legis¬lação ambiental federal, estadual e municipal;
VII - Macrozona de Uso Rural Sustentável (MURS): semelhante à Macrozona de Uso Rural (MUR), porém deverão ser priorizadas as políticas de averbação e planejamento de reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APP), assim como as políticas de proteção e recuperação do solo.
ZONEAMENTO URBANO
• zonas estritamente residenciais: áreas exclusivamente voltadas à ocupação de moradias;
• zonas predominantemente residenciais: áreas onde o uso residencial deve ser privilegiado, assim como a arborização e a permeabilidade do solo, permitindo-se usos não residenciais, desde que não incômodos;
• zonas centrais ou predominantemente comerciais: centro da cidade, centros de bairro, corredores com predominância de usos diversificados;
• zonas mistas: áreas onde é permitido o uso residencial e comercial ocupando o mesmo perímetro, a mesma zona, estabelecendo regras para evitar conflitos de uso e ocupação da zona; • zonas industriais: áreas com fácil acesso para veículos pesados, adequadas à urbanização e à instalação de indústrias;
• zonas especiais: compreendem áreas que são passíveiS de tratamento diferencia¬do, de acordo com parâmetros reguladores do uso e ocupação do solo, definidos em leis específicas, devidamente mapeadas, em face ao desenvolvimento do município.
DESMEMBRAMENTO DE BOTUCATU
O desmembramento territorial, procedimento de parcelamento de solo, servia para criar novas áreas de povoamentos e permitir o melhor controle da terra e ações de desenvolvimento.
Territórios extensos eram difíceis de gerenciar e muitas áreas ficavam sem intervenção administrativa (abandonadas), por falta de recursos humanos e financeiros. Assim, os desmembramentos 11111 para o desenvolvimento de São Paulo, pois eram criados centros administrativos (vilas e cidades) que intercederiam diretamente naquela porção de terra recém-formada.
HISTÓRICO DO DESMEMBRAMENTO DE BOTUCATU
Por volta de 1835 já estava formado o antigo povoado de Nossa Senhora das Dores da Serra de Botucatu, assentado nas terras que então pertenciam a Itapetininga.
(Ia Lei nº 233, de 19 de fevereiro de 1346, a província de São Paulo concede ao referido povoado de Botucatu a condição de freguesia, vinculada a Itapetininga. Passados nove 1110 provincial eleva Botucatu à condição de vila por meio da Lei n° 506, de 14 de abril de 1355, desvinculando-a de Itapetininga.
Em 1873 Botucatu recebe foros de cidade. Daí até 1959 cede várias partes do seu território para a criação de outros municípios, chegando à configuração espacial atual.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Agricultura e Pecuária
AGRICULTURA
Destaca-se no município de Botucatu a produção de nja e da cana-de-açúcar.
A produção agrícola do município pode ser dividida em s categorias de culturas:
- lavoura permanente;
- lavoura temporária;
Lavoura permanente:
Refere-se ao cultivo agrícola de longa duração, ou seja, s a colheita, não é feito novo plantio (semeadura), garan¬o a permanência da planta, bem como da colheita, por vários anos consecutivos.
Em Botucatu ganha destaque a cicricultura (principalmente laranja). O município possui 10.711 ha de área utilizados pela lavoura permanente, dos quais 79% são voltados a produção de laranja.
A laranja é hoje a produção agrícola mais rentável da cidade. Em 2006, o valor da produção de laranja em Botucatu foi de R$ 46.910.000,00 (46,91 milhões de reais), colocando a citricultura botucatuense em evidência e Botucatu entre os maiores produtores de laranja do Estado de São Paulo.
Lavoura Temporária
São áreas voltadas para o cultivo de produtos agrícolas nas quais, após a colheita, a terra é preparada novamente para uma nova semeadura, pois durante a última colheita a planta foi com¬pletamente extraída. Assim, são consideradas lavouras para cul¬turas de curta duração (geralmente inferiores a um ano).
Em 2006, no município de Botucatu, os seguintes pro¬dutos foram gerados por esse tipo de lavoura:
Dentre os produtos originados da lavoura temporária, a cana-de-açúcar e o milho são, sem dúvida, os mais expressivos em área, com cerca de 7.034 ha e 3.750 ha, respectivamen¬te, de área plantada em 2006. Entretanto, a maior rentabilidade da cana-de-açúcar está entre as lavouras temporárias no município, onde ocupa o equivalente a 61 % das áreas.
Entretanto, é preocupante o avanço da cana-de-açúcar no município no que se refere ao meio ambiente. Ao mesmo tempo que nos últimos anos a cana-de-açúcar vem se tornando uma alternativa viável como biocombustível para substituir o combustível fóssil (derivados do petróleo) e assim amenizar a poluição atmosférica, esse cultivo também gera o aumento dos desmatamentos florestais, pois os proprietários rurais ampliam perigosamente a expansão canavieira, ameaçando o ecossistema local.
PECUÁRIA E SILVICULTURA
As áreas destinadas à pecuária são significativas no município de Botucatu. Em 1999, contabilizou-se 25% do território botucatuense destinados a essa atividade.
A silvicultura, principalmente através do plantio do pínus e do eucalipto, tem grande valor econômico para o município de Botucatu. As áreas constantemente reflorestadas fornecem a matéria-prima necessária às indústrias de beneficiamento de madeira e produtos derivados (aglomerados e compensados). A silvicultura gera empregos e contribui para o desenvolvimento econômico e social botucatuense.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Destaca-se no município de Botucatu a produção de nja e da cana-de-açúcar.
A produção agrícola do município pode ser dividida em s categorias de culturas:
- lavoura permanente;
- lavoura temporária;
Lavoura permanente:
Refere-se ao cultivo agrícola de longa duração, ou seja, s a colheita, não é feito novo plantio (semeadura), garan¬o a permanência da planta, bem como da colheita, por vários anos consecutivos.
Em Botucatu ganha destaque a cicricultura (principalmente laranja). O município possui 10.711 ha de área utilizados pela lavoura permanente, dos quais 79% são voltados a produção de laranja.
A laranja é hoje a produção agrícola mais rentável da cidade. Em 2006, o valor da produção de laranja em Botucatu foi de R$ 46.910.000,00 (46,91 milhões de reais), colocando a citricultura botucatuense em evidência e Botucatu entre os maiores produtores de laranja do Estado de São Paulo.
Lavoura Temporária
São áreas voltadas para o cultivo de produtos agrícolas nas quais, após a colheita, a terra é preparada novamente para uma nova semeadura, pois durante a última colheita a planta foi com¬pletamente extraída. Assim, são consideradas lavouras para cul¬turas de curta duração (geralmente inferiores a um ano).
Em 2006, no município de Botucatu, os seguintes pro¬dutos foram gerados por esse tipo de lavoura:
Dentre os produtos originados da lavoura temporária, a cana-de-açúcar e o milho são, sem dúvida, os mais expressivos em área, com cerca de 7.034 ha e 3.750 ha, respectivamen¬te, de área plantada em 2006. Entretanto, a maior rentabilidade da cana-de-açúcar está entre as lavouras temporárias no município, onde ocupa o equivalente a 61 % das áreas.
Entretanto, é preocupante o avanço da cana-de-açúcar no município no que se refere ao meio ambiente. Ao mesmo tempo que nos últimos anos a cana-de-açúcar vem se tornando uma alternativa viável como biocombustível para substituir o combustível fóssil (derivados do petróleo) e assim amenizar a poluição atmosférica, esse cultivo também gera o aumento dos desmatamentos florestais, pois os proprietários rurais ampliam perigosamente a expansão canavieira, ameaçando o ecossistema local.
PECUÁRIA E SILVICULTURA
As áreas destinadas à pecuária são significativas no município de Botucatu. Em 1999, contabilizou-se 25% do território botucatuense destinados a essa atividade.
A silvicultura, principalmente através do plantio do pínus e do eucalipto, tem grande valor econômico para o município de Botucatu. As áreas constantemente reflorestadas fornecem a matéria-prima necessária às indústrias de beneficiamento de madeira e produtos derivados (aglomerados e compensados). A silvicultura gera empregos e contribui para o desenvolvimento econômico e social botucatuense.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Aspectos ambientais
ASPECTOS AMBIENTAIS
A cobertura vegetal tem grande influência nos processos hidrológicos e pedológicos, servindo de pi teção ao solo contra a erosão e garantindo boa qualidade e armazenamento natural da água no subso Desta forma, a floresta nativa tem papel preponderante na garantia da qualidade ambiental. Vimos nas p ginas 53 a 55 que os estudos e mapas de uso e ocupação do solo são ferramentas importantes para q possamos planejar ações que conservem nossas matas ciliares e remanescentes de vegetação natu Nestas mesmas páginas vimos que há um avanço significativo da silvicultura e agricultura sobre o muni, pio de Botucatu, sendo que a atividade agrícola, se mal conduzida, pode trazer problemas ambientais cor a erosão (ver p. 24), a contaminação da água e do solo por meio do mau uso dos agrotóxicos e a polulQ atmosférica quando da queimada de limpeza e preparação para o plantio da cana-de-açúcar.
ATERRO SANITÁRIO
Localizado na Rodovia Eduardo Zucari, km 2,5, no interior da sub-bacia hidrográfica do Ribeirão Pinheiro, o Aterro Sanitário Municipal de Botucatu recebe hoje cerca de 85 toneladas de resíduos sólidos urbanos (lixo) por dia, provenientes das residências, estabelecimentos comerciais, podas e da limpeza urbana (varrição). Pesquisas apontam que 74% dos resíduos gerados pela população botucatuense são de origem Organica. Papel e papelão correspondem a 7,5%, plásticos 8,5%, metais 4%, vidro 2% e outros 4%.
Nos aterros sanitários o chorume (resíduo líquido de cor preta proveniente da decomposição (lixo orgânico) não consegue penetrar no solo, devido à impermeabilização que é executada no local de sua implantação, impedindo a contaminação das águas subterrâneas que escorrem até os rios e evitando, assim, diversas doenças, que podem ser transmitidas pela água contaminada.
TRATAMENTO DA ÁGUA
Em Botucatu, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e a Estação de Tratamento de Água (ETA) unI! responsabilidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado São Paulo - Sabesp.
A ETA está localizada próxima ao aeroporto de Botucatu e produz cerca de 9 mil metros cúbicos (111 li potável por dia (9 milhões de litros de água) para 43.135 ligações de água no município.
Já a ETE de Botucatu localiza-se na Fazenda Lageado e tem a finalidade de tratar a água utilizada pela população antes de devolvê-Ia para o rio, ou seja, limpa a água de esgoto gerada pelo homem.
Entretanto, um fator preocupante no município de Botucatu é o desequilíbrio provocado pela captação de água no Rio Pardo, afluente do Paranapanema, e seu lançamento, depois de tratada, no Rio Lavapés, afluente do Tietê, ou seja, a água é retirada de uma bacia hidrográfica e, depois de usada, despejada em outra. Isso implica em delicados fatores amhlunl principalmente a perda de volume do Rio Pardo em até 50%. Do outro lado, acarreta o aumento de volume do Rio Lavapés após o Lageado, quando recebe esgoto da cidade.
Até 2006, cerca de 25% do esgoto encaminhado para a ETE ainda não estava ligado aos coletores troncos de esgoto da Sabesp, poluindo sobremaneira o Rio Lavapés, pois o esgoto era lançado diretamente no rio, sem tratamento adequado.
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
A Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí-Botucatu-Tejupá foi criada pelo Decreto Estadual nº 20.960, de 8 de junho de 1983, e tem como finalidade proteger os recursos hídricos superficiais (principalmente os rios), o Aquífero Guarani, os elementos paisagísticos formados pelas Cu estas Basálticas, os morros-testemunho, o patrimônio arqueológico e os impllllltl resquícios da vegetação natural, principalmente o cerrado.
O município de Botucatu possui cerca de 26% de sua área (389 km2), no interior dessa APA.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
A cobertura vegetal tem grande influência nos processos hidrológicos e pedológicos, servindo de pi teção ao solo contra a erosão e garantindo boa qualidade e armazenamento natural da água no subso Desta forma, a floresta nativa tem papel preponderante na garantia da qualidade ambiental. Vimos nas p ginas 53 a 55 que os estudos e mapas de uso e ocupação do solo são ferramentas importantes para q possamos planejar ações que conservem nossas matas ciliares e remanescentes de vegetação natu Nestas mesmas páginas vimos que há um avanço significativo da silvicultura e agricultura sobre o muni, pio de Botucatu, sendo que a atividade agrícola, se mal conduzida, pode trazer problemas ambientais cor a erosão (ver p. 24), a contaminação da água e do solo por meio do mau uso dos agrotóxicos e a polulQ atmosférica quando da queimada de limpeza e preparação para o plantio da cana-de-açúcar.
ATERRO SANITÁRIO
Localizado na Rodovia Eduardo Zucari, km 2,5, no interior da sub-bacia hidrográfica do Ribeirão Pinheiro, o Aterro Sanitário Municipal de Botucatu recebe hoje cerca de 85 toneladas de resíduos sólidos urbanos (lixo) por dia, provenientes das residências, estabelecimentos comerciais, podas e da limpeza urbana (varrição). Pesquisas apontam que 74% dos resíduos gerados pela população botucatuense são de origem Organica. Papel e papelão correspondem a 7,5%, plásticos 8,5%, metais 4%, vidro 2% e outros 4%.
Nos aterros sanitários o chorume (resíduo líquido de cor preta proveniente da decomposição (lixo orgânico) não consegue penetrar no solo, devido à impermeabilização que é executada no local de sua implantação, impedindo a contaminação das águas subterrâneas que escorrem até os rios e evitando, assim, diversas doenças, que podem ser transmitidas pela água contaminada.
TRATAMENTO DA ÁGUA
Em Botucatu, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e a Estação de Tratamento de Água (ETA) unI! responsabilidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado São Paulo - Sabesp.
A ETA está localizada próxima ao aeroporto de Botucatu e produz cerca de 9 mil metros cúbicos (111 li potável por dia (9 milhões de litros de água) para 43.135 ligações de água no município.
Já a ETE de Botucatu localiza-se na Fazenda Lageado e tem a finalidade de tratar a água utilizada pela população antes de devolvê-Ia para o rio, ou seja, limpa a água de esgoto gerada pelo homem.
Entretanto, um fator preocupante no município de Botucatu é o desequilíbrio provocado pela captação de água no Rio Pardo, afluente do Paranapanema, e seu lançamento, depois de tratada, no Rio Lavapés, afluente do Tietê, ou seja, a água é retirada de uma bacia hidrográfica e, depois de usada, despejada em outra. Isso implica em delicados fatores amhlunl principalmente a perda de volume do Rio Pardo em até 50%. Do outro lado, acarreta o aumento de volume do Rio Lavapés após o Lageado, quando recebe esgoto da cidade.
Até 2006, cerca de 25% do esgoto encaminhado para a ETE ainda não estava ligado aos coletores troncos de esgoto da Sabesp, poluindo sobremaneira o Rio Lavapés, pois o esgoto era lançado diretamente no rio, sem tratamento adequado.
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
A Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí-Botucatu-Tejupá foi criada pelo Decreto Estadual nº 20.960, de 8 de junho de 1983, e tem como finalidade proteger os recursos hídricos superficiais (principalmente os rios), o Aquífero Guarani, os elementos paisagísticos formados pelas Cu estas Basálticas, os morros-testemunho, o patrimônio arqueológico e os impllllltl resquícios da vegetação natural, principalmente o cerrado.
O município de Botucatu possui cerca de 26% de sua área (389 km2), no interior dessa APA.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Uso e ocupação do solo
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
o uso e a ocupação do solo são determinados pelo conjunto das atividades e assentamentos de uma sociedade sobre o espaço (território). Pode-se considerar que o uso e a ocu¬pação do solo são a projeção da produção social no espaço geográfico. Entretanto, para evitar conflitos de interesses, que geralmente ocorrem entre os meios produtivos e a população, é necessária uma regulação espacial.
No âmbito municipal, o principal instrumento para estabelecer regras de regulação e con¬trole do espaço é a lei de zoneamento, ou leis de uso do solo, estabelecida no Plano Diretor do município.
O conhecimento do uso e da ocupação do solo, bem como da situação geográfica de uma determinada região, fornece elementos essenciais para o planejamento municipal. É por meio dessas informações que se estabelecerá uma política de preservação ambiental e de organização urbanística, e uma política habitacional e de desenvolvimento agropecuário, comercial e industrial, visando ao desenvolvimento econômico e social do município, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população.
Uma das formas de entender o município de Botucatu é analisar a dinâmica do uso e da ocupação do solo. O mapa da página 53 permite observar que a silvicultura, principalmente de pínus e eucaliptos, recobre boa parte do território botucatuense, principalmente ao sul do município, na margem esquerda do Rio Pardo, o que se explica por sua importância econô¬mica (matéria-prima para indústria de beneficiamento de madeira e de fabricação de papel). Contudo, entre 1996 e 1999 observou-se uma redução da área em 5% em relação à área do município. Igualmente houve uma diminuição da área destinada à cultura canavieira, que se estende atualmente por poucas e pequenas áreas do município.
A pastagem é o elemento paisagístico predominante no município de Botucatu, cobrin¬do cerca de 50% do território em meados da década de 1990. O predomínio pecuário é notado pela presença de solos arenosos com baixa fertilidade (principalmente o argissolo); porém, com as novas técnicas no preparo do solo, associadas ao desenvolvimento de novos adubos e fertilizantes, a agricultura avança sobre as áreas de pastagens, restando hoje cerca de 25% da área do município destinados à pecuária.
Tanto a redução do pasto como das plantações de cana-de-açúcar estão relacionadas ao crescimento do plantio dos citrus (laranja e limão), devido a sua alta rentabilidade econômica.
Em relação à mata nativa, o que restou basicamente foram as matas ciliares (vegetação junto aos rios e córregos), porções isoladas (ilhas de florestas nativas) e poucas áreas contínuas, com maior concentração na frente da cuesta, onde o relevo acentuado dificulta o uso e a ocupação antrópica.
Para termos uma ideia melhor da dinâmica do uso e ocupação do solo em Botucatu analisaremos duas pequenas parcelas do município - representadas nos mapas das páginas 54 e 55 +, relativas a duas bacias hidrográficas do município.
Os mapas da página 54 retratam o uso e a ocupação do solo em 1972 e em 2000 na bacia hidrográfica do Ribeirão Faxinal. Com 51,7 km2 de área, nessa região observaram-se algumas modificações ao longo do período.
Quanto à vegetação natural, constatou-se que as florestas tropicais isoladas (ilhas de vegetação) e o cerrado diminuíram consideravelmente, porém houve um pequeno aumento da mata ciliar no mesmo período.
Na bacia hidrográfica do Ribeirão Faxinal a paisagem é dominada pelas pastagens.
O predomínio da pecuária manteve-se ao longo dos anos, com cerca de 60% da área destinados a essa atividade. Já o café, praticamente desapareceu na região.
As atividades que cresceram e tiveram destaque no local foram a silvicultura, principalmente com eucaliptos, e o cultivo de citrus (limão e laranja).
Os mapas desta página representam a bacia hidrográfica do Rio Capivara, com 222,18 km2 de área, onde podemos acompanhar as mudanças no uso e na ocupação do solo no período de 2000 a 2006.
Neste pertooo houve um rápido decréscimo das áreas de pastagens, de (50% para aproximadamente 40% da área total da bacia. A pecuária vem perdendo espaço devido ao expressivo avanço da citricultura e da silvicultura. Esta afirmação fica evidente no mapa, onde é possível observar que os outros elementos de uso e ocupação ficaram praticamente estabilizados em comparação com a diminuição da área pecuária e a expansão do cultivo da laranja.
Daí a importância do estudo da evolução do uso e da ocupação do solo, pois per¬mite observar as tendências econômicas e sociais sobre o espaço municipal, dando con¬dições para que o dirigente do município estabeleça regras e políticas públicas que incentivem o crescimento econômico em harmonia com o meio natural (desenvolvimen¬to sustentável).
No caso do município de Botucatu, devido a boa rentabilidade oferecida pela produção da laranja, SObrepondo ainda o cultivo do milho e da cana-de-açúcar (culturas ainda expres¬sivas na região), bem como o retorno econômico proporcionado pela silvicultura, a tradicio¬nal atividade pecuária perde espaço e aos poucos vem modificando a paisagem e o perfil socioeconômico e ambiental da cidade.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
o uso e a ocupação do solo são determinados pelo conjunto das atividades e assentamentos de uma sociedade sobre o espaço (território). Pode-se considerar que o uso e a ocu¬pação do solo são a projeção da produção social no espaço geográfico. Entretanto, para evitar conflitos de interesses, que geralmente ocorrem entre os meios produtivos e a população, é necessária uma regulação espacial.
No âmbito municipal, o principal instrumento para estabelecer regras de regulação e con¬trole do espaço é a lei de zoneamento, ou leis de uso do solo, estabelecida no Plano Diretor do município.
O conhecimento do uso e da ocupação do solo, bem como da situação geográfica de uma determinada região, fornece elementos essenciais para o planejamento municipal. É por meio dessas informações que se estabelecerá uma política de preservação ambiental e de organização urbanística, e uma política habitacional e de desenvolvimento agropecuário, comercial e industrial, visando ao desenvolvimento econômico e social do município, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população.
Uma das formas de entender o município de Botucatu é analisar a dinâmica do uso e da ocupação do solo. O mapa da página 53 permite observar que a silvicultura, principalmente de pínus e eucaliptos, recobre boa parte do território botucatuense, principalmente ao sul do município, na margem esquerda do Rio Pardo, o que se explica por sua importância econô¬mica (matéria-prima para indústria de beneficiamento de madeira e de fabricação de papel). Contudo, entre 1996 e 1999 observou-se uma redução da área em 5% em relação à área do município. Igualmente houve uma diminuição da área destinada à cultura canavieira, que se estende atualmente por poucas e pequenas áreas do município.
A pastagem é o elemento paisagístico predominante no município de Botucatu, cobrin¬do cerca de 50% do território em meados da década de 1990. O predomínio pecuário é notado pela presença de solos arenosos com baixa fertilidade (principalmente o argissolo); porém, com as novas técnicas no preparo do solo, associadas ao desenvolvimento de novos adubos e fertilizantes, a agricultura avança sobre as áreas de pastagens, restando hoje cerca de 25% da área do município destinados à pecuária.
Tanto a redução do pasto como das plantações de cana-de-açúcar estão relacionadas ao crescimento do plantio dos citrus (laranja e limão), devido a sua alta rentabilidade econômica.
Em relação à mata nativa, o que restou basicamente foram as matas ciliares (vegetação junto aos rios e córregos), porções isoladas (ilhas de florestas nativas) e poucas áreas contínuas, com maior concentração na frente da cuesta, onde o relevo acentuado dificulta o uso e a ocupação antrópica.
Para termos uma ideia melhor da dinâmica do uso e ocupação do solo em Botucatu analisaremos duas pequenas parcelas do município - representadas nos mapas das páginas 54 e 55 +, relativas a duas bacias hidrográficas do município.
Os mapas da página 54 retratam o uso e a ocupação do solo em 1972 e em 2000 na bacia hidrográfica do Ribeirão Faxinal. Com 51,7 km2 de área, nessa região observaram-se algumas modificações ao longo do período.
Quanto à vegetação natural, constatou-se que as florestas tropicais isoladas (ilhas de vegetação) e o cerrado diminuíram consideravelmente, porém houve um pequeno aumento da mata ciliar no mesmo período.
Na bacia hidrográfica do Ribeirão Faxinal a paisagem é dominada pelas pastagens.
O predomínio da pecuária manteve-se ao longo dos anos, com cerca de 60% da área destinados a essa atividade. Já o café, praticamente desapareceu na região.
As atividades que cresceram e tiveram destaque no local foram a silvicultura, principalmente com eucaliptos, e o cultivo de citrus (limão e laranja).
Os mapas desta página representam a bacia hidrográfica do Rio Capivara, com 222,18 km2 de área, onde podemos acompanhar as mudanças no uso e na ocupação do solo no período de 2000 a 2006.
Neste pertooo houve um rápido decréscimo das áreas de pastagens, de (50% para aproximadamente 40% da área total da bacia. A pecuária vem perdendo espaço devido ao expressivo avanço da citricultura e da silvicultura. Esta afirmação fica evidente no mapa, onde é possível observar que os outros elementos de uso e ocupação ficaram praticamente estabilizados em comparação com a diminuição da área pecuária e a expansão do cultivo da laranja.
Daí a importância do estudo da evolução do uso e da ocupação do solo, pois per¬mite observar as tendências econômicas e sociais sobre o espaço municipal, dando con¬dições para que o dirigente do município estabeleça regras e políticas públicas que incentivem o crescimento econômico em harmonia com o meio natural (desenvolvimen¬to sustentável).
No caso do município de Botucatu, devido a boa rentabilidade oferecida pela produção da laranja, SObrepondo ainda o cultivo do milho e da cana-de-açúcar (culturas ainda expres¬sivas na região), bem como o retorno econômico proporcionado pela silvicultura, a tradicio¬nal atividade pecuária perde espaço e aos poucos vem modificando a paisagem e o perfil socioeconômico e ambiental da cidade.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Hidrografia
HIDROGRAFIA
o Estado de São Paulo está dividido em três grandes bacias hidrográficas, bem delimitadas geograficamente: Bacia do Rio Paraná, Bacia Costeira do Sudeste e Bacia Costeira do Leste. En¬tretanto, pata um melhor gerenciamento, outra divisão foi adotada (ver p. 31), impulsionada pelo acirramento dos interesses, muitas vezes conflitantes, sobre o direito de uso, e pelo agravamento dos impactos ambientais sobre a água. O Estado de São Paulo, juntamente com os municípios e representantes da sociedade civil, criou o Conselho de Recursos Hídricos - CRH, com a finalidade de garantir: o uso racional da água (urbano, industrial e agrícola), a maior participação da socie¬dade nas decisões sobre os recursos hídricos, a prioridade da utilização da água pelas popula¬ções (água potável), bem como a otimização de obras e custos em prol da sociedade.
Para isso, houve a necessidade de subdividir as grandes bacias hidrográficas a fim de melhorar as tomadas de decisões regionais a respeito dos recursos hídricos. Essa compartimentação recebeu o nome de Unidades Hidrográficas de Gerenciamento dos Recur¬sos Hídricos - UGRHI, que são 22 no Estado de São Paulo.
O município de Botucatu está inserido em três UGRHls:
UGRHI-05 Piracicaba/Jundiaí/Gapivara: localizada no extremo norte do município, junto à Represa Barra Bonita.
UGRHI-l0 Tietê/Sorocaba: abrange praticamente metade do município (porção norte), entre a Represa Barra Bonita (Rio Tietê) e a Cuesta Basáltica (Serra Geral).
UGRHI-17 Médio Paranapanema: corresponde à Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, que envolve toda a porção sul do município.
O município de Botucatu é drenado por duas bacias hidrográficas: do Rio Pardo, ao sul, e do Rio Tietê, ao norte. É importante lembrar que a foz do Rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Rio Tietê, encontra-se também no município de Botucatu, ambos "mergulhados" (alagados e escondidos) na Represa Barra Bonita.
O RIO TIETÊ
O Rio Tietê, que banha as partes norte e oeste do município de Botucatu, é o mais importante curso d'água do Estado de São Paulo. Ele atravessa todo o território paulista, percorrendo-o de leste a oeste em uma das regiões mais ricas do hemisfério Sul. Sua nascente localiza-se na Serra do Mar, no município de Salesópolis, a 840 metros de altitude e a 22 quilômetros do Oceano Atlântico, e sua foz encontra-se no Rio Paraná, junto ao município de Itapura, na divisa com o Mato Grosso do Sul.
Seu comprimento total é de 1.100 quilômetros e o grande desnível de seu curso foi aproveitado para a construção de várias barragens, destinadas à produção de energia elétri¬ca que abastece grande parte do Estado de São Paulo. Mais recentemente, com a constru¬ção de várias eclusas, a vocação para navegação vem sendo resgatada, culminando na implantação da Hidrovia Tietê-Paraná.
Esse rio foi fundamental para a formação do território brasileiro, conforme cita o histo¬riador Oscar D'Ambrosio: "Com grande importância histórica como via de penetração do po¬voamento foi, durante muito tempo, a única estrada para o interior do Brasil, servindo de caminho para os bandeirantes, que o percorriam em busca de ouro, índios e novas terras".
Percorrem o município de Botucatu, em direção ao Rio Tietê (Represa Barra Bonita), ( seguintes cursos d'água: rios Lavapés, Capivara, Araquá, Alambari e inúmeros ribeirões córregos que compõem a imensa Bacia Hidrográfica do Rio Tietê.
RIOS, RIBEIRÕES E CÓRREGOS
São denominações dadas aos cursos d'água superficiais que serpenteiam o relevo à procura do melhor caminho, movidos pela força da gravidade do sentido da nascente (altitude elevada) para a foz (altitude mais baixa em relação à da nascente).
A classificação de um curso d'água obedece a uma hierarquia, dependendo do seu volume de água e, muitas vezes, do seu comprimento em relação a outro adjacente na mesma bacia hidrográfica.
O rio é sempre o corpo d'água principal, por ser mais expressivo em tama¬nho e volume, e tem como afluentes os ribeirões e córregos ou outros rios meno¬res que o principal. Por sua vez, os ribeirões têm como afluentes os córregos ou outro ribeirão menos expressivo que o primeiro. Os córregos têm como afluentes outros córregos menores. Salvo os erros de classificação, um rio nunca deságua em um ribeirão ou em um córrego, e um ribeirão jamais terá sua desembocadura em um córrego. O ribeirão pode ser chamado de riachão ou riacho grande, enquanto o córrego é comumente denominado de riacho.
Seguindo uma hierarquia, os corpos d'água menores (afluentes e subafluentes) desembocam em um corpo d'água mais expressivo.
A Serra de Botucatu faz parte de um sistema montanhoso deno¬minado Serra Geral, que separa as águas pluviais e fluviais que vão para o interior de duas importantes bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. Na direção norte, a Ba¬cia Hidrográfica do Rio Tietê; ao sul, a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo.
O RIO LAVAPÉS
o Rio Lavapés possui sua nascente ao sul da mancha urbana de Botucatu (ci corre em direção ao norte do município, atravessando a referida área urbana (local rm samente povoado), até "mergulhar" na encosta da Serra de Botucatu percorrendo suav após esta passagem, a planície aluvial do Rio Tietê até desaguar na Represa Barra B(
O Rio Lavapés ou Ribeirão Lavapés tem importância histórica devido a sua ui como referência geográfica para o povoamento de Botucatu. Nota-se que a cidade às margens deste curso d'água. Em pouco tempo tornou-se um dos eixos de urbaniz cidade.
Talvez o trecho mais bonito do Rio Lavapés seja quando ele se precipita ao" íngreme encosta da Serra de Botucatu em meio à mata galeria*. Ao longo de milh anos este rio vem entalhando no relevo de cuesta uma garganta (perceés), tal comi rios do município.
Quanto às questões ambientais, o Rio Lavapés merece atenção por dois motiv • O despejo de esgoto sanitário inviabiliza o uso da água no seu percurso e (para agravar a eutrofização* na Represa Barra Bonita;
• O uso de agrotóxicos nos canaviais pode contaminar este rio, agravando ainda os problemas ligados à qualidade da água e à manutenção da vida aquática
O RIO PARDO
A Bacia Hidrográfica do Rio Pardo ocupa uma área de aproximadamente 721 qullômetn quadrados. O Rio Pardo é um dos principais afluentes do Rio Paranapanema, com uma exter são total de cerca de 240 quilômetros de sua nascente, no município de Pardinho, até sua fo no Rio Paranapanema, município de Salto Grande, na divisa com o Estado do Paraná. Nes~ caminho, perfaz um curso de aproximadamente 40 quilômetros no município de Botucatu.
Da nascente à foz o Rio Pardo tem um desnível de aproximadamente 625 metros - SL nascente encontra-se a 1.003 metros de altitude; a desembocadura a 377 metros.
Corta o município de leste a oeste e compõe toda a bacia hidrográfica da porção sul ( município, fazendo a divisa natural entre Botucatu e os municípios de Avaré e Itatinga.
Suas cachoeiras são pontos turísticos muito procurados no município. A principal dei, é o Véu de Noiva. Além do turismo, o Rio Pardo tem grande importância na geração de ene gia elétrica e no abastecimento de água potável para a cidade de Botucatu.
Sem dúvida, Botucatu recebeu uma dádiva da natureza, pois é cercado por dois recu sos hídricos de grande importância para o Estado de São Paulo. Contudo, sua responsabilidac ambiental aumenta, uma vez que poucos municípios paulistas possuem esta condição ge( gráfica e tal oportunidade de aproveitamento hídrico.
O AQUÍFERO GUARANI
A região de Botucatu, devido às suas características geológicas, é reconhecida como importante área de recarga do lençol freático*. Tanto é verdade que nos últimos anos vem crescendo o estudo sobre o Aquífero Guarani (questão em que o município de Botucatu tem grande relevância), um reservatório de água subterrâneo que garantirá a água de qualidade às futuras gerações.
O Aquífero Guarani é o maior manancial* de. água doce subterrânea do mundo, localizado sob os territórios do Brasil, Paraguai e Uruguai. Calcula-se que o volume de água existente nesse imenso lençol freático abasteceria atualmente o dobro da população brasileira.
Cerca de dois terços da área total do aquífero encontram-se sob solo brasileiro, abrangendo os Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O nome dado ao aquífero homenageia o povo indígena da região. Antes, no Brasil, ele era chamado de Aquífero Botucatu. Esse reservatório gigante de água subterrânea (reserva permanente de cerca de 45 quilômetros cúbicos de água, com uma profundidade entre 800 e 1.500 metros) é protegido por uma manta de rocha vulcânica (basalto ígneo) e por sucessivas camadas superiores de sedimentos que filtram as águas pluviais e fluviais que escoam por esses solos por efeito da gravidacle.
Esta rocha formada por derrames de basalto ígneo, ocorridos nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo (entre 200 e 132 milhões de anos, apro¬ximadamente), protege o aquífero da área mais superficial e porosa do solo, evitando a evapo¬ração e evapotranspiração da água nele contida.
O terreno botucatuense foi depositado em sucessivas camadas de arenito (rocha sedi¬mentar) intercaladas com derrames vulcânicos de basalto (rocha magmática). Nos locais onde a erosão expõe essas camadas (frontda cuesta), a infiltração de água pluvial e fluvial é facilitada pelas fissuras encontradas entre as camadas e pela boa permeabilidade do arenito. Desta for¬ma, o município de Botucatu, local de recarga natural de água devido ao afloramento dessas rochas intercaladas na superfície (borda da for¬mação basáltica-arenítica - front da cuesta) permite a infiltração da água das chuvas e das águas superficiais, abastecendo, assim, esse imenso reservatório subterrâneo de água, o Aquífero Guarani.
Percebe-se, desta forma, a importância (los municípios que se encontram em área de recarga do Aquífero Guarani. Porém, também é nesses locais (áreas 110 reposição e captação de água) que pode ocorrer a contaminação do Aquífero Guarani pela ação dos agrotóxicos (l, certamente, no futuro, esses locais deverão ser muito mais restritivos a culturas agrícolas que os utilizam.
É considerado um recurso natural importante, pois suas águas são de boa qualidade para o consumo humano 11 podem suprir o crescimento populacional em franco andamento sobre o aquífero. No entanto, esse crescimento demográfico promove riscos relacionados ao consumo e à poluição gerada pela própria população e por suas atividades econômicas.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
o Estado de São Paulo está dividido em três grandes bacias hidrográficas, bem delimitadas geograficamente: Bacia do Rio Paraná, Bacia Costeira do Sudeste e Bacia Costeira do Leste. En¬tretanto, pata um melhor gerenciamento, outra divisão foi adotada (ver p. 31), impulsionada pelo acirramento dos interesses, muitas vezes conflitantes, sobre o direito de uso, e pelo agravamento dos impactos ambientais sobre a água. O Estado de São Paulo, juntamente com os municípios e representantes da sociedade civil, criou o Conselho de Recursos Hídricos - CRH, com a finalidade de garantir: o uso racional da água (urbano, industrial e agrícola), a maior participação da socie¬dade nas decisões sobre os recursos hídricos, a prioridade da utilização da água pelas popula¬ções (água potável), bem como a otimização de obras e custos em prol da sociedade.
Para isso, houve a necessidade de subdividir as grandes bacias hidrográficas a fim de melhorar as tomadas de decisões regionais a respeito dos recursos hídricos. Essa compartimentação recebeu o nome de Unidades Hidrográficas de Gerenciamento dos Recur¬sos Hídricos - UGRHI, que são 22 no Estado de São Paulo.
O município de Botucatu está inserido em três UGRHls:
UGRHI-05 Piracicaba/Jundiaí/Gapivara: localizada no extremo norte do município, junto à Represa Barra Bonita.
UGRHI-l0 Tietê/Sorocaba: abrange praticamente metade do município (porção norte), entre a Represa Barra Bonita (Rio Tietê) e a Cuesta Basáltica (Serra Geral).
UGRHI-17 Médio Paranapanema: corresponde à Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, que envolve toda a porção sul do município.
O município de Botucatu é drenado por duas bacias hidrográficas: do Rio Pardo, ao sul, e do Rio Tietê, ao norte. É importante lembrar que a foz do Rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Rio Tietê, encontra-se também no município de Botucatu, ambos "mergulhados" (alagados e escondidos) na Represa Barra Bonita.
O RIO TIETÊ
O Rio Tietê, que banha as partes norte e oeste do município de Botucatu, é o mais importante curso d'água do Estado de São Paulo. Ele atravessa todo o território paulista, percorrendo-o de leste a oeste em uma das regiões mais ricas do hemisfério Sul. Sua nascente localiza-se na Serra do Mar, no município de Salesópolis, a 840 metros de altitude e a 22 quilômetros do Oceano Atlântico, e sua foz encontra-se no Rio Paraná, junto ao município de Itapura, na divisa com o Mato Grosso do Sul.
Seu comprimento total é de 1.100 quilômetros e o grande desnível de seu curso foi aproveitado para a construção de várias barragens, destinadas à produção de energia elétri¬ca que abastece grande parte do Estado de São Paulo. Mais recentemente, com a constru¬ção de várias eclusas, a vocação para navegação vem sendo resgatada, culminando na implantação da Hidrovia Tietê-Paraná.
Esse rio foi fundamental para a formação do território brasileiro, conforme cita o histo¬riador Oscar D'Ambrosio: "Com grande importância histórica como via de penetração do po¬voamento foi, durante muito tempo, a única estrada para o interior do Brasil, servindo de caminho para os bandeirantes, que o percorriam em busca de ouro, índios e novas terras".
Percorrem o município de Botucatu, em direção ao Rio Tietê (Represa Barra Bonita), ( seguintes cursos d'água: rios Lavapés, Capivara, Araquá, Alambari e inúmeros ribeirões córregos que compõem a imensa Bacia Hidrográfica do Rio Tietê.
RIOS, RIBEIRÕES E CÓRREGOS
São denominações dadas aos cursos d'água superficiais que serpenteiam o relevo à procura do melhor caminho, movidos pela força da gravidade do sentido da nascente (altitude elevada) para a foz (altitude mais baixa em relação à da nascente).
A classificação de um curso d'água obedece a uma hierarquia, dependendo do seu volume de água e, muitas vezes, do seu comprimento em relação a outro adjacente na mesma bacia hidrográfica.
O rio é sempre o corpo d'água principal, por ser mais expressivo em tama¬nho e volume, e tem como afluentes os ribeirões e córregos ou outros rios meno¬res que o principal. Por sua vez, os ribeirões têm como afluentes os córregos ou outro ribeirão menos expressivo que o primeiro. Os córregos têm como afluentes outros córregos menores. Salvo os erros de classificação, um rio nunca deságua em um ribeirão ou em um córrego, e um ribeirão jamais terá sua desembocadura em um córrego. O ribeirão pode ser chamado de riachão ou riacho grande, enquanto o córrego é comumente denominado de riacho.
Seguindo uma hierarquia, os corpos d'água menores (afluentes e subafluentes) desembocam em um corpo d'água mais expressivo.
A Serra de Botucatu faz parte de um sistema montanhoso deno¬minado Serra Geral, que separa as águas pluviais e fluviais que vão para o interior de duas importantes bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. Na direção norte, a Ba¬cia Hidrográfica do Rio Tietê; ao sul, a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo.
O RIO LAVAPÉS
o Rio Lavapés possui sua nascente ao sul da mancha urbana de Botucatu (ci corre em direção ao norte do município, atravessando a referida área urbana (local rm samente povoado), até "mergulhar" na encosta da Serra de Botucatu percorrendo suav após esta passagem, a planície aluvial do Rio Tietê até desaguar na Represa Barra B(
O Rio Lavapés ou Ribeirão Lavapés tem importância histórica devido a sua ui como referência geográfica para o povoamento de Botucatu. Nota-se que a cidade às margens deste curso d'água. Em pouco tempo tornou-se um dos eixos de urbaniz cidade.
Talvez o trecho mais bonito do Rio Lavapés seja quando ele se precipita ao" íngreme encosta da Serra de Botucatu em meio à mata galeria*. Ao longo de milh anos este rio vem entalhando no relevo de cuesta uma garganta (perceés), tal comi rios do município.
Quanto às questões ambientais, o Rio Lavapés merece atenção por dois motiv • O despejo de esgoto sanitário inviabiliza o uso da água no seu percurso e (para agravar a eutrofização* na Represa Barra Bonita;
• O uso de agrotóxicos nos canaviais pode contaminar este rio, agravando ainda os problemas ligados à qualidade da água e à manutenção da vida aquática
O RIO PARDO
A Bacia Hidrográfica do Rio Pardo ocupa uma área de aproximadamente 721 qullômetn quadrados. O Rio Pardo é um dos principais afluentes do Rio Paranapanema, com uma exter são total de cerca de 240 quilômetros de sua nascente, no município de Pardinho, até sua fo no Rio Paranapanema, município de Salto Grande, na divisa com o Estado do Paraná. Nes~ caminho, perfaz um curso de aproximadamente 40 quilômetros no município de Botucatu.
Da nascente à foz o Rio Pardo tem um desnível de aproximadamente 625 metros - SL nascente encontra-se a 1.003 metros de altitude; a desembocadura a 377 metros.
Corta o município de leste a oeste e compõe toda a bacia hidrográfica da porção sul ( município, fazendo a divisa natural entre Botucatu e os municípios de Avaré e Itatinga.
Suas cachoeiras são pontos turísticos muito procurados no município. A principal dei, é o Véu de Noiva. Além do turismo, o Rio Pardo tem grande importância na geração de ene gia elétrica e no abastecimento de água potável para a cidade de Botucatu.
Sem dúvida, Botucatu recebeu uma dádiva da natureza, pois é cercado por dois recu sos hídricos de grande importância para o Estado de São Paulo. Contudo, sua responsabilidac ambiental aumenta, uma vez que poucos municípios paulistas possuem esta condição ge( gráfica e tal oportunidade de aproveitamento hídrico.
O AQUÍFERO GUARANI
A região de Botucatu, devido às suas características geológicas, é reconhecida como importante área de recarga do lençol freático*. Tanto é verdade que nos últimos anos vem crescendo o estudo sobre o Aquífero Guarani (questão em que o município de Botucatu tem grande relevância), um reservatório de água subterrâneo que garantirá a água de qualidade às futuras gerações.
O Aquífero Guarani é o maior manancial* de. água doce subterrânea do mundo, localizado sob os territórios do Brasil, Paraguai e Uruguai. Calcula-se que o volume de água existente nesse imenso lençol freático abasteceria atualmente o dobro da população brasileira.
Cerca de dois terços da área total do aquífero encontram-se sob solo brasileiro, abrangendo os Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O nome dado ao aquífero homenageia o povo indígena da região. Antes, no Brasil, ele era chamado de Aquífero Botucatu. Esse reservatório gigante de água subterrânea (reserva permanente de cerca de 45 quilômetros cúbicos de água, com uma profundidade entre 800 e 1.500 metros) é protegido por uma manta de rocha vulcânica (basalto ígneo) e por sucessivas camadas superiores de sedimentos que filtram as águas pluviais e fluviais que escoam por esses solos por efeito da gravidacle.
Esta rocha formada por derrames de basalto ígneo, ocorridos nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo (entre 200 e 132 milhões de anos, apro¬ximadamente), protege o aquífero da área mais superficial e porosa do solo, evitando a evapo¬ração e evapotranspiração da água nele contida.
O terreno botucatuense foi depositado em sucessivas camadas de arenito (rocha sedi¬mentar) intercaladas com derrames vulcânicos de basalto (rocha magmática). Nos locais onde a erosão expõe essas camadas (frontda cuesta), a infiltração de água pluvial e fluvial é facilitada pelas fissuras encontradas entre as camadas e pela boa permeabilidade do arenito. Desta for¬ma, o município de Botucatu, local de recarga natural de água devido ao afloramento dessas rochas intercaladas na superfície (borda da for¬mação basáltica-arenítica - front da cuesta) permite a infiltração da água das chuvas e das águas superficiais, abastecendo, assim, esse imenso reservatório subterrâneo de água, o Aquífero Guarani.
Percebe-se, desta forma, a importância (los municípios que se encontram em área de recarga do Aquífero Guarani. Porém, também é nesses locais (áreas 110 reposição e captação de água) que pode ocorrer a contaminação do Aquífero Guarani pela ação dos agrotóxicos (l, certamente, no futuro, esses locais deverão ser muito mais restritivos a culturas agrícolas que os utilizam.
É considerado um recurso natural importante, pois suas águas são de boa qualidade para o consumo humano 11 podem suprir o crescimento populacional em franco andamento sobre o aquífero. No entanto, esse crescimento demográfico promove riscos relacionados ao consumo e à poluição gerada pela própria população e por suas atividades econômicas.
Fonte: ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Ferreira-Cesar Cunha (ed. 2009)
Assinar:
Postagens (Atom)